O primeiro dérbi do campeonato nacional de futebol 2018/19 terminou como começou. Ou quase: Benfica e Sporting empataram, mas houve um golo para cada lado. Os leões inauguraram o marcador aos 64 minutos, num penálti cobrado por Nani a castigar falta de Rúben Dias sobre Montero, mas as águias acabariam por chegar ao empate aos 86', num cabeceamento fulgurante do menino João Félix, entrado pouco antes.
Foi um dérbi lisboeta à imagem do que tem acontecido nos últimos anos: muito intenso, disputado, com pouco espaço e muitas quezílias mas pouca espetacularidade. O Benfica deteve a superioridade na maior parte do tempo, mas à imagem do que havia acontecido contra o PAOK, na primeira mão do playoff de acesso à Liga dos Campeões, falhou redondamente no capítulo da concretização.
Na primeira parte, as águias dispuseram de três reais ocasiões de golo, mas em todas Salin, guarda-redes leonino que havia sido infeliz frente ao Vitória de Setúbal, respondeu de forma afirmativa: aos 6' e aos 20', em dois cabeceamentos de Rúben Dias, e a remate de Cervi logo a seguir à segunda ocasião do central encarnado. Do lado do Sporting, destaque apenas para uma iniciativa de Nani aos 7', que deixou Ferreyra para trás e cruzou para Montero atirar ao lado, e para um remate perigoso de Acuña aos 11'.
O segundo tempo foi mais do mesmo. O Benfica continuou instalado no meio-campo adversário e a criar oportunidades, como o remate de Cervi aos 51' ao lado e o de Pizzi aos 53', que proporcionou mais uma grande defesa a Salin. E aos 61', já depois de Zivkovic render Cervi, um penálti caído do céu para o Sporting: Rúben Dias derrubou Montero na área encarnada e Nani, na conversão, não deu hipóteses a Vlachodimos, novo guardião encarnado.
Rui Vitória mexeu duplamente, colocando Seferovic no lugar do apagadíssimo Ferreyra e João Félix em vez de Pizzi, e o menino de 18 anos revelou-se aposta certeira do técnico encarnado: afoito, irrequieto e sem medo de assumir o jogo (inclusive as bolas paradas), tentou o remate de meia distância em duas ocasiões e acabaria mesmo por chegar ao golo a quatro minutos dos 90, aparecendo fulgurante na área e ganhando a Ristovski nas alturas a cruzamento de Rafa.
Por esta altura, o Sporting já não pensava em atacar há muito tempo – como o comprovou a substituição de José Peseiro aos 79', trocando Bruno Fernandes por Petrovic. E assim continuou a partir do golo sofrido, limitando-se a despejar bolas para o meio-campo do Benfica e a perder o máximo de tempo possível em qualquer reposição de bola – também aí Salin foi o melhor em campo – ou substituição, como a troca do extremo Raphinha pelo lateral Bruno Gaspar em cima dos 90'. O jogo prolongou-se até aos 100', fruto das inúmeras perdas de tempo – uma das quais causada por uma anomalia nos sistemas de comunicação da equipa de arbitragem -, e seria do Benfica a última ocasião de perigo, com Salin a defender para canto um livre direto de Grimaldo e Fejsa, na sequência da bola parada, a atirar por cima com o guarda-redes francês fora do lance.
O 1-1 final acaba por penalizar o Benfica, a equipa que mais procurou vencer o encontro, e tem um sabor muito positivo para um Sporting ainda em fase de crescimento e de solidificar ideias e processos – curiosamente, acaba por ser um jogo muito parecido com o da época passada, onde as águias dominaram grande parte do tempo e dispuseram de várias ocasiões mas só conseguiram precisamente o 1-1 em cima dos 90. Ainda assim, dá a ideia de que, desta feita, Rui Vitória acabou por ganhar a José Peseiro na guerra dos bancos: o técnico encarnado mostrou ambição e vontade de dar a volta ao texto, enquanto o treinador sportinguista mexeu tarde e com o foco exclusivamente no recuo no terreno.