Mário Centeno foi bastante criticado por causa do vídeo sobre a Grécia. Considera essas críticas justas?
Creio que a crítica em relação a esse vídeo é obviamente justa. Nós tivemos um programa de ajustamento em Portugal muito duro durante quatro anos e houve uma tentativa de branquear esse ajustamento através da chamada saída limpa e o que aconteceu foi uma destruição completa da economia e dos direitos sociais. Não se pode chamar ao que se passou na Grécia uma saída limpa. Está em condições muito piores do que estava antes do programa de ajustamento e, por isso, não me revejo de forma nenhuma nas declarações do presidente do Eurogrupo.
Considera que Mário Centeno está a legitimar as políticas de austeridade?
Aquele vídeo não dá margem para muitas interpretações e, infelizmente, sim, parece uma legitimação da política de austeridade.
O discurso de Centeno em relação à Grécia é incoerente com a política do Governo português?
No início colocava-se a questão se o ministro das Finanças português iria interferir no funcionamento ideológico do Eurogrupo. Este vídeo dá-nos uma parte da resposta. É mais o Eurogrupo a influenciar Mário Centeno do que propriamente o ministro das finanças português a influenciar o Eurogrupo.
Há dois Centenos. Um em Portugal e outro que é presidente do Eurogrupo?
A política que tem sido aplicada em Portugal tem sido o resultado de compromissos e negociações. Muito provavelmente não seria esta a política de Mário Centeno se não houvesse estes compromissos. Não sei se haverá dois ou se Mário Centeno estará mais próximo do presidente do Eurogrupo.