O presidente francês, Emmanuel Macron, caracterizou ontem um cenário pós-guerra civil na Síria com a permanência de Bashar al-Assad no poder como um “erro grotesco”. “Quem provocou milhões de refugiados? Quem tem morto o seu próprio povo?”, questionou o presidente francês num discurso perante os embaixadores franceses no Palácio do Eliseu.
No entanto, Macron recusou ter exigido no passado – ao contrário da administração Obama em 2013 – o afastamento do seu homólogo sírio para a França encetar negociações com Damasco ou fornecer ajuda humanitária. “Desde o primeiro dia que considerei o Estado Islâmico o nosso principal inimigo e nunca fiz do afastamento de Bashar al-Assad uma condição para negociar ou avançar com ações humanitárias na Síria”, garantiu.
E se a situação na Síria foi um tema de destaque do discurso de Macron, o estado das relações transatlânticas com os Estados Unidos acabou por ser o tema principal. “A Europa não pode entregar a sua segurança apenas aos EUA”, declarou Macron num momento em que as relações transatlânticas atingem mínimos históricos. “Cabe-nos hoje assumir as nossas responsabilidades e garantir a segurança e, por conseguinte, a soberania europeia”, acrescentou o presidente francês. Depois, anunciou que irá, “nos próximos meses”, apresentar um projeto de reforço da segurança continental aos seus parceiros da União Europeia.
Macron sublinhou, ainda, que pretende abrir “um novo diálogo sobre segurança cibernética, armas químicas, armas convencionais, conflitos territoriais, segurança no espaço e proteção das regiões polares, em particular com a Rússia”. Para o presidente francês, não se retiraram todas as consequências do fim da Guerra Fria