E de repente, aquele cenário que até há pouco tempo parecia real apenas na cabeça de Usain Bolt pode de facto acontecer. Aos 32 anos, o ex-velocista jamaicano, que se tornou uma lenda do desporto mundial com as oito medalhas de ouro conquistadas nos Jogos Olímpicos, está prestes a cumprir o sonho de atuar como futebolista profissional.
Para já, não será no Manchester United que tanto ama desde criança, mas sim nos Central Coast Mariners, da I liga australiana. Bolt está a treinar com o clube de Gosford desde o passado dia 21 – curiosamente aquele em que celebrou o 32.º aniversário – e ontem ouviu da boca de quem mais interessa (o treinador) que a possibilidade de jogar já esta sexta-feira, num particular com os Central Coast Select, é bem real. “Estamos muito contentes pela maneira como o Bolt está a progredir. Está empenhado, a assumir a postura de um profissional e só posso dizer coisas boas sobre ele: é muito humilde e é fantástico tê-lo ao nosso lado. Sexta-feira? Está apto para jogar alguns minutos”, assumiu o técnico Mike Mulvey.
Bolt, por seu lado, expressou igualmente a satisfação por se ver envolvido nos trabalhos do clube australiano. “Tenho de me esforçar para que o meu corpo corresponda e sinto melhorias. Fiz metade do programa da sessão de treinos da semana passada e nesta semana consegui fazer o programa completo, o que demonstra que estou melhor”, realçou o recordista mundial dos 100 e 200 metros.
No dia 7 deste mês, os Central Coast Mariners anunciaram que Bolt se havia comprometido com o clube para um “período indeterminado de treino”. O objetivo do trato era só um: “tornar o homem mais rápido do mundo num jogador profissional.” “O acordo não garante que Bolt assine depois um contrato profissional, mas dá uma oportunidade ao oito vezes campeão olímpico para conseguir o seu grande desejo de jogar futebol profissionalmente”, podia ler-se na nota do clube australiano. Na altura, Bolt agradecia a oportunidade e dizia-se “ansioso por provar que com trabalho duro tudo se consegue”, acabando com o bordão habitual: “Eu não tenho limites!”
Após cumprir o primeiro treino, o jamaicano voltou a frisar estar a viver um sonho que alimentava há muito tempo, agradecendo a “receção muito calorosa”. “Todos me receberam com amor e sinto-me muito respeitado. Pedi para ser tratado como apenas mais um jogador e o treinador explicou-me que não teria tratamento especial”.
Bolt, recorde-se, esteve há alguns meses a treinar no Borussia Dortmund, da Alemanha, e no Stromsgodset, da Noruega – no caso dos alemães, é preciso referir que tal se deveu ao facto de o patrocinador do velocista ser o mesmo do clube. A 10 de junho, capitaneou ainda a equipa do Resto do Mundo que defrontou um conjunto de antigos e atuais futebolistas ingleses em Old Trafford, recinto do Manchester United – o tal onde sempre sonhou atuar, mas de vermelho vestido.