Os sindicatos da função pública querem que o governo ponha fim à austeridade e aumente os salários entre 3% e 4% já em 2019, uma negociação que tem de estar feita antes do Orçamento do Estado ficar fechado.
A Frente Comum, a Federação Sindical da Administração Pública e a Frente Sindical têm marcada para esta quarta-feira uma reunião com a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público. As forças sindicais esperam que este seja o ponto de partida para a negociação quer o aumento das remunerações, quer para a atualização das carreiras.
Apesar de terem vindo a defender posições diferentes, as três estruturas sindicais juntam-se agora num conjunto de reivindicações e expectativas: querem que o governo socialista acabe de vez com a austeridade na função pública, para que os funcionários públicos possam aumentar o poder de compra.
Estas reivindicações têm acompanhado as frentes sindicais. Já em julho, Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (pertencente à CGTP), confessou à Lusa ter esperança que o Orçamento do Estado (OE2019) “faça alguma justiça aos trabalhadores da administração pública, cujos direitos foram sacrificados nos últimos anos”. Em causa está a redução das condições de trabalho dos funcionários durante os anos de austeridade que levou também à degradação dos serviços públicos, devido à saída de trabalhadores.
“Por isso, queremos que o próximo OE preveja aumentos salariais – mas não de 1% ou 2% – que tenham em conta o poder de compra perdido, e o descongelamento total das carreiras”, disse Ana Avoila. Já a Frente Comum avança com um aumento de 4%, num mínimo de 50 euros para cada trabalhador.
José Abraão, secretário-geral da FESAP, admitiu que “o governo poderá enfrentar um outono quente” se optar por não aumentar os salários e não descongelar as carreiras. “É altura de a administração pública ganhar alguma normalidade, e não aceitamos que o governo diga que prefere contratar trabalhadores a aumentar salários, porque são coisas diferentes e ambas necessárias”.
Apesar de ainda não terem reunido para elaborar uma proposta negocial – a reunião está marcada para terça-feira, no dia antes da reunião com o governo – a federação deverá avançar com a reivindicação de aumentos de 3%.
Também a presidente do STE, Maria Helena Rodrigues, disse à Lusa que “não é razoável a continuação da austeridade na função pública, a menos que o governo queira apostar no empobrecimento dos seus trabalhadores”. A presidente acredita que chegou a altura dos trabalhadores serem recompensados pelo crescimento da economia, que “cresceu graças aos trabalhadores”. “Não há nenhum motivo para continuar o congelamento salarial na administração pública que dura desde 2009 e que levou uma perda superior a 16%”.