O ex-comandante do Regimento de Comandos, Pipa Amorim, condenou este sábado durante um almoço em que serviu para lhe fazer uma homenagem, o "total desinteresse" e "alheamento" do comando do Exército para com os militares acusados no processo pela morte de dois instruendos.
A seguir ao almoço, que se realizou em Lisboa e se prolongou pela tarde, Pipa Amorim dirigiu-se aos militares do Regimento, onde fez questão de reconhecer o seu "desassombro", advertindo que passarão a ser considerados 'persona non grata'.
"O facto de estarem hoje aqui, junto ao vosso comandante, é uma missão de risco, pois será considerada uma ação conspiratória e passarão a ser 'persona non grata' por quem não comunga dos nossos ideais e princípios éticos", disse o tenente-coronel.
Recorde-se que Pipa Amorim foi exonerado da chefia dos Comandos pelo atual chefe do Estado Maior do Exército, o general Rovisco Duarte.
O tenente-coronel disse ainda no seu discurso que desde o primeiro que esteve à frente do Regimento, que foi confrontado com "imorais ações persecutórias e com o alheamento e indiferença a que foram votados 19 dos melhores militares da Unidade". "Um total desinteresse pelos seus legítimos direitos, aspirações e expectativas, abandonados à sua sorte, sem que nunca lhes tenha sido manifestada qualquer solidariedade institucional nem preocupação pelos constantes atentados à sua idoneidade, e bom nome”, declarou.
Pipa Amorim defendeu que "as Forças Armadas devem ser objeto de uma cultura de compromisso e consenso institucional entre as várias forças políticas e os diferentes órgãos do Estado".
O almoço foi organizado pelo tenente-coronel, na reforma, Pedro Tinoco Faria (leia a entrevista ao i na edição de sexta-feira, dia 7 de setembro).