«O meu único segredo é o trabalho, o trabalho duro. Tem sido um ano muito especial para mim, com o título no Estoril e agora oitavos de final num Grand Slam, que era um objetivo que tínhamos há muito», afirmou João Sousa depois de ver a participação histórica do US Open chegar ao fim ao perder com um dos melhores de sempre, Novak Djokovic, nos oitavos de final.
O tenista português fez história e tornou-se o primeiro jogador nacional a chegar aos oitavos de final de um Grand Slam.
«Claro que foi uma experiência especial, este é o maior court do Mundo e defrontar alguém como o Novak (Djokovic) neste ambiente… é diferente». Durante duas horas, o Estádio Arthur Ashe foi o palco dos sonhos para o tenista de 29 anos que começou o primeiro set a vencer, mas não conseguiu mostrar superioridade ao longo da partida.
Durante as duas horas em que muitas pessoas assistiam ao jogo debaixo de um calor intenso, o sérvio mostrou o porquê de já ter sido o número um do ranking ATP, e mesmo com a luta e persistência de João Sousa, venceu por 3-0, com os parciais de 6-3, 6-4, 6-3.
O caminho para chegar até aos oitavos de final não foi fácil, mas os resultados compensaram.
O português, que agora vê o nome regressar ao top 50 do ranking ATP na 48.º posição, defrontou o espanhol Marcel Granollers na primeira ronda e venceu a partida por 3-0, em menos de duas horas.
O passaporte para a segunda ronda estava assegurado e era a vez de João Sousa voltar a defrontar um espanhol, desta vez Pablo Carreño Busta. Passar à fase seguinte era o destino do número um nacional, mas o combate nem sempre foi simples. Ao fim de três horas, quatro sets empatados, e com Sousa a vencer o último set por 2-0, o espanhol desistiu e deu acesso direto ao português para o confronto frente a Lucas Pouille.
E foi a 1 de setembro que João Sousa se consagrou o primeiro português a chegar aos oitavos-de-final de um torneio do Grand Slam, em singulares, ao vencer o número 17 do ranking da Associação de Tenistas Profissionais por 3-1 ao fim de quase quatro horas.
Seguia-se então o derradeiro jogo frente a Djokovic.
Já na competição a pares, João Sousa não conseguiu levar a melhor. Na primeira ronda, português e o argentino, Leonardo Mayer, eliminaram Olivier Marach e Mate Pavic por 2-1, mas na segunda ronda o cenário foi diferente. A dupla perdeu com Jurgen Melzer e Nikola Mektic por 2-0, em uma hora e 12 minutos.
O ‘Conquistador’ da história nacional do ténis
Também este ano, João Sousa escreveu mais um capítulo na história do ténis nacional ao levantar a taça na final do Estoril Open depois de vencer o Frances Tiafoe por 2-0. Até esse dia, nunca nenhum português tinha conseguido tal feito nos courts dos campos de ténis do Estoril.
Uma vitória com direito a hino nacional, emoção, chuva de confetis no court e até a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Foi assim o dia em que mais de três mil pessoas encheram o Estádio Millenium para assistir a esta histórica final que João Sousa dedicou à mãe.
«É um sonho tornado realidade. Sempre quis vencer aqui em Portugal», disse no final da partida.
E vencer está no ADN do tenista nascido em Guimarães a quem chamaram de ‘conquistador’, depois de conseguir o título no ATP World Tour em Kuala Lumpur, em 2013, aquele que viria a ser o primeiro de muitos conquistados a nível mundial ao longo da carreira.
«Já me chamaram muitas palavras, mas ouvir a palavra conquistador emociona-me muito».
Nascido no berço da nação, João Sousa começou a jogar ténis aos sete anos com o pai no Clube de Ténis de Guimarães e, em 2001, sagrou-se campeão nacional sub-12 vencendo o seu futuro parceiro na semifinal da Copa Davis, Gastão Elias.
Aos 15 anos, e depois de já ter deixado o sonho do curso de medicina e do futebol para se dedicar ao ténis, voou rumo a Barcelona para a Federação Catalã de Ténis, em regime de internato. Um ano depois, juntou-se à Academia BTT (Barcelona Total Tennis).
Sousa estreou-se no ATP World Tour em 2008 e venceu o primeiro título num Open na Malásia, em 2013, consagrando-se o primeiro português a vencer um torneio de singulares da modalidade e o primeiro a entrar no top 50 do ranking mundial.
Treinado por Frederico Marques, ao longo da carreira, venceu três títulos de singulares em ATP World Tour, torneio que envolve os oito jogadores mais bem classificados, na Malásia, Valência e Portugal, e esteve presente em sete finais tanto em terra batida como em Hardcourt. Já nos ATP Challenger Tour o português venceu cinco títulos, em sete finais jogadas, em singulares e dois em três finais em pares.
O IFT Circuito Masculino deu sete campeonatos a João Sousa, em onze finais de singulares e venceu nove das onze finais que jogou a pares.
João Sousa prepara-se agora para representar Portugal na Taça Davis, na eliminatória frente à Ucrânia, na primeira ronda de play-off do Grupo I.