1.Parece que Portugal vive um período azarado politicamente: depois de os portugueses serem obrigados a aturar as mentiras ilimitadas e a falta de sentido de responsabilidade de António Costa, o Poucochinho (o qual, como líder do PS, nunca ganhou uma eleição nacional) – eis que somos confrontados com Rui Rio, o líder da oposição “fdp” – o que significa, à luz de jurisprudência fixada, o fanático do “pópó(cochinho)”.
E se persistir no caminho traçado (se é que alguma vez existiu, no raciocínio político de Rui Rio, um caminho), o ex-Presidente da Câmara Municipal do Porto vai de “pópó” de alta cilindrada para fora da liderança do nosso PPD/PSD. Sem truques, nem manobras de bastidores – apenas a legítima e espontânea manifestação de vontade dos militantes do partido mais português de Portugal, os quais não se conformam com a tacanhez da estratégia do actual Presidente do partido. Mesmo para os que – como nós – mantinham expectativas anormalmente baixas quanto ao sucesso de Rui Rio, a sua actuação errática e de capitulação face à extrema-esquerda e ao extremo-PS tem sido (tragicamente) perplexizante (o neologismo nunca foi tão adequado).
2. Perguntará o(a) leitor(a) mais céptico(a) e que partilha a mesma inquietação que o autor das presentes linhas: haverá alguma racionalidade na estratégia de Rui Rio? Haverá sequer alguma estratégia? A nossa resposta é afirmativa: Rui Rio actua em função de uma linha estratégica que o próprio definiu desde a primeira hora em que lançou a sua corrida à liderança do nosso PPD/PSD.
Esta consiste em não hostilizar o Partido Socialista (limitando-se a críticas pontuais e previamente concertadas com o Primeiro-Ministro), preferindo antes diminuir o peso de Bloco de Esquerda e PCP. Com que finalidade? Fácil: para evitar a reedição, na próxima legislatura, da geringonça – que o mesmo é dizer, para diminuir o peso da extrema-esquerda e forçar a deslocação do PS para o centro (que Rui Rio entende ser o espaço natural dos socialistas portugueses).
Consequentemente, com o PS assumidamente ao centro e rejeitando alianças à esquerda, António Costa ter-se-ia de virar para o PSD de Rui Rio, oferecendo-lhe cargos e uma sensação de poder que lhe permitiria sobreviver face às críticas internas no pós-legislativas de 2019.
3.Donde, há, pois, um pacto de não agressão entre o líder socialista e Rui Rio ditado pela antecipação de conveniências futuras – António Costa pressente que precisará de Rui Rio para sobreviver como Primeiro-Ministro; Rui Rio pressente que precisará de António Costa para se manter como líder do PSD. A morte política de um será, por nexo de causalidade adequada, a morte do outro.
No entanto, ambos sabem que haverá um momento em que um terá de trair o outro – António Costa poderá sempre ameaçar o PSD de Rio com um acordo com o BE e PCP, o que fragilizará a posição negocial do PSD; Rui Rio terá, mais tarde ou mais cedo, que derrubar António Costa para evitar que o PS se torne no partido charneira do sistema, perpetuando-se no poder (a dúvida está, pois, em saber se o momento que Rui Rio entende que lhe é pessoalmente mais adequado para se livrar de Costa coincide com o momento em que o interesse nacional dita o afastamento do actual Primeiro-Ministro – tudo aponta para que a resposta seja negativa, pois os portugueses não merecem ter o mentiroso e irresponsável António Costa como chefe de Governo até 2021 ou 2022).
No fundo, trata-se de uma situação semelhante ao clássico problema da teoria dos jogos conhecido como o “dilema do prisioneiro” – no entanto, note-se que tudo se resume a uma disputa de interesses pessoais, de estratégia de poder pessoal, sem se preocuparem minimamente com o interesse de Portugal e dos portugueses.
Na óptica de Rui Rio, há ainda um problema acrescido que ele não consegue compreender: é que o discurso de desgaste do Bloco de Esquerda e do PCP levará, em condições normais, ao reforço da votação no…PS! E, portanto, mesmo sem querer, mesmo com actos irreflectidos – Rui Rio ajuda António Costa! É inacreditável; e ainda mais penoso de assistir…
4. Ora, dir-se-á: “bom, está bem – a estratégia de Rui Rio está errada; contudo, ele dispõe de legitimidade democrática para a prosseguir, porque a anunciou nas primárias aos militantes que a sufragaram maioritariamente”. Certo – poderemos admitir a viabilidade deste argumento.
No entanto, a verdade é que Rui Rio demonstrou que nem a sua própria estratégia é capaz de executar – então não é que o homem que trouxe de volta a futebolada no Algarve e o jogo da malha veio mostrar uma posição de princípio concordante com a aprovação do “imposto Robles” proposto pelo Bloco de Esquerda?
Isto é: Rui Rio tinha como estratégia desgastar o Bloco de Esquerda – no entanto, elogia as propostas da extrema-esquerda, tentando buscar eleitorado ao espectro mais radical do sistema político português (como se algum dia um apoiante do BE passasse a votar no PSD…). Confirma-se: Rui Rio não tem estratégia alguma. É o “happening” total – conforme o lado para que Rui Rio acordar, é para o lado que este PSD vai.
5.E não se subestime o significado político daquela declaração – uma fífia política autêntica! – de Rui Rio. De facto, ela produziu três efeitos essenciais:
a)Rui Rio branqueou definitivamente o processo de constituição da geringonça, banalizando a presença da extrema-esquerda no Governo como algo banal;
b) Rui Rio conseguiu a proeza de apresentar o Bloco de Esquerda aos portugueses como um partido do sistema, moderado, com propostas que até o PSD pode subscrever – dando uma força institucional que nem o PS (no discurso público) se atreveu a conferir aos trotskistas portugueses;
c) Rui Rio deu, numa bandeja dourada, a oportunidade ao PS de António Costa de se apresentar aos olhos dos portugueses, não obstante sustentar a geringonça, como o partido do centro moderado por excelência. Como o partido que respeita a propriedade privada e impõe limites ao poder tributário do Estado – tudo aquilo que o PS tem negado nos últimos três anos. Ou seja: graças à incompetência política de Rui Rio, António Costa e o PS dispuseram de uma oportunidade única para se reconciliarem com os seus militantes e eleitores tradicionais (moderados, europeístas, atlantistas, crentes na economia de mercado e suas virtudes e desconfiados face aos “esquerdistas”).
6.Por tudo isto, António Costa deverá preparar uma estátua em homenagem a Rui Rio no Largo do Rato.
Utilizando a terminologia futebolística, o líder do PSD, ontem, não só meteu golo na própria baliza – como ainda mereceu um cartão vermelho e o castigo de realização de jogo à porta fechada. Pior era impossível – Rui Rio já tem lugar garantido nos livros de história de gaffes políticas…
Um case study do que não se deve dizer, nem fazer. Será que a direcção de Rui Rio está impregnada de “toupeiras” do PS, que vão fazendo o jogo de António Costa? Investigue-se!
7.Posto isto, cumpre apelar aos militantes do PPD/PSD para que não se conformem com a caminhada para o abismo que Rui Rio está alegremente a trilhar. Nós respeitamos mandatos e a legitimidade democrática dos eleitos – mas (que diabo!) não podemos permitir que um homem destrua o legado histórico único do maior partido português…
Não tenhamos medo das rupturas quando só as rupturas nos poderão conduzir a um futuro de sucesso e prosperidade. Assim, com este Rui Rio – tão “pópó”(chinho) quanto o poucochinho António Costa –, Portugal não fará as reformas estruturais que se impõem, a bem das gerações presentes e futuras.
Porque, afinal de contas, o interesse de Portugal não prescinde de um PPD/PSD forte, nós – militantes do partido – teremos de assumir uma atitude condizente com a exigência dos tempos que vivemos. E daqui este corolário: ou Rui Rui muda – ou nós mudaremos Rui Rio! Pelo nosso PPD/PSD. Sempre, por Portugal.
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