Aproveitando o 25.o aniversário do assassinato do padre Giuseppe “Pino” Puglisi às mãos da máfia siciliana, a Cosa Nostra, o Papa Francisco apelou este sábado, em Palermo, aos membros da organização criminosa para abandonarem as vidas de crime e violência em prol de vidas de amor, e não da “honra”, como os mafiosos as consideram. E deixou um aviso: “Uma pessoa que é mafiosa não vive como cristão por na sua vida blasfemar contra o nome de Deus.” Muitos, senão a grande maioria, dos membros da organização afirmam-se católicos.
“Digo aos mafiosos: mudem, irmãos e irmãs! Deixem de pensar apenas em vós próprios e no vosso dinheiro. Convertam-se ao verdadeiro Deus, Jesus Cristo, queridos irmãos e irmãs”, apelou o sumo pontífice perante mais de 80 mil fiéis na zona portuária de Palermo, capital da Sicília. “Digo-vos isto, mafiosos: se não o fizerem, a vossa vida”, continuou o Papa, “estará perdida e será a vossa maior derrota.”
Com mais de um século de existência, a máfia foi alvo de investigações e acusações criminais pelo Estado italiano no final da década de 80. Sob a mira das autoridades, a máfia declarou–lhes guerra. Os procuradores Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, responsáveis pelos processos criminais, foram assassinados em atentados bombistas. E no seu 56.o aniversário, em 1993, o padre Giuseppe “Pino” Puglisi perdeu a vida às mãos de um assassino profissional, contratado pela máfia, por contestar o poder da organização num dos bairros pobres de Palermo. “Don Pino sabia o que estava a arriscar, mas acima de tudo sabia que o verdadeiro perigo na vida era não correr nenhum risco e fugir”, disse o Papa Francisco em sua homenagem.
Não é a primeira vez que um sumo pontífice da Igreja Católica apela aos membros da máfia para abandonarem o crime organizado. Em 1993, o Papa João Paulo ii viajou até à ilha para apelar aos membros da organização que parassem com os ataques contra as autoridades, chegando mesmo a incentivar os sicilianos a revoltarem-se contra a máfia. Em resposta, a organização atacou duas igrejas.