Liga dos Campeões. Traição estava escrita desde o aquecimento

No regresso à Luz, Renato Sanches marcou e selou o triunfo do Bayern de Munique (0-2) sobre um Benfica que ainda tem muito que crescer. Os sinais deixados neste jogo, todavia, permitem acreditar numa participação bem melhor do que a da última temporada – pior também era praticamente impossível…

Estava escrito: assim que foi anunciado o nome de Renato Sanches no onze do Bayern de Munique, começou a pairar no ar a possibilidade de o médio nascido na Amadora e forjado no Seixal ter o primeiro momento de glória no clube alemão em pleno Estádio da Luz. É que, nestas coisas do futebol, o destino é como as bruxas: nunca ninguém o viu – mas que o há, há.

E assim foi. O jovem internacional português nem estava a fazer um jogo particularmente brilhante – algumas das suas arrancadas características acabavam por perder a importância com os passes transviados e os erros crassos de posicionamento. Tudo isso se esvaiu por completo ao minuto 54, quando Renato partiu quase da sua área, aguentou a carga de Pizzi durante vários metros e, já perto do último reduto encarnado, endossou a bola a Lewandowski. O polaco serviu Ribèry, este deixou para James Rodríguez e o antigo jogador do FC Porto cruzou para o centro da pequena área, onde estava – claro – Renato Sanches: sozinho, sem qualquer tipo de marcação, o médio atirou para as redes à guarda de Vlachodimos. De imediato pediu desculpa à multidão que um dia o idolatrou, mas é como diz o outro: essas não se pedem; evitam-se.

O golo de Sanches não acabou totalmente com as aspirações do Benfica, mas contribuiu muito para isso. Até aí, as águias vinham a discutir o jogo com o Bayern, apesar da desvantagem que durava já desde o minuto 10, com o golo madrugador de Lewandowski. Os encarnados tremeram, com Vlachodimos a negar o golo a Robben e a Ribèry logo a seguir, mas começaram depois a equilibrar a partida e rondaram a área de Neuer nalgumas ocasiões, embora sem nunca conseguir provocar verdadeiros calafrios no gigante guarda-redes alemão.

Depois da “traição” de Renato, um remate de Seferovic a passar perto do poste esquerdo dos alemães antecedeu a melhor oportunidade para as águias, com Neuer a brilhar para deter o cabeceamento de Rúben Dias. Um golo anulado a Gnabry e mais dois remates de meia distância, primeiro por Gedson Fernandes e depois por Gabriel, completaram o ramalhete de ocasiões até ao fim do encontro. O desfecho acaba por ser o esperado – historicamente, o Benfica é um cliente habitual dos bávaros – e a resposta minimamente capaz das águias deixa antever uma participação bem mais “honrada” do que aconteceu na última temporada – pior, convenhamos, era praticamente impossível.

 

Ronaldo expulso em Valência Para já, os encarnados arrancam atrás do Bayern e do Ajax. O clube holandês, com um passado de respeito na competição, entrou em grande estilo na prova a que voltou após quatro anos de ausência, batendo o AEK de Atenas (capitaneado pelo português André Simões) por claros 3-0. A figura da partida acabou por ser um… lateral: o argentino Tagliafico, autor de um bis. Van de Beek, substituto do lesionado Huntelaar, apontou o outro tento do vice-campeão holandês.

A noite de Champions fica marcada pela expulsão de Cristiano Ronaldo aos 29 minutos do encontro entre a Juventus e o Valência, em Espanha, após um choque com o central colombiano Murillo. O CR7 saiu de campo em lágrimas e sabe já de antemão que irá falhar o reencontro com o Manchester United na segunda jornada. A Vecchia Signora, ainda assim, viria a vencer Rúben Vezo, Gonçalo Guedes e companhia: 0-2, com dois penáltis transformados por Pjanic.

Na Suíça, o United de José Mourinho não teve dificuldades para superar o Young Boys, vencendo por 3-0 com show de Pogba: dois golos e assistência para o tento final de Martial.

A grande surpresa da noite aconteceu de facto em Manchester, mas com o City como protagonista: o conjunto de Pep Guardiola foi surpreendido pelo Lyon de Anthony Lopes, perdendo por 2-1 (Bernardo Silva fez o golo dos citizens) e demonstrando assim continuar a dar-se mal com os ares da Liga dos Campeões. No mesmo grupo (F), o Shakhtar Donetsk de Paulo Fonseca não conseguiu melhor que um empate caseiro (2-2) com o estreante Hoffenheim, tendo mesmo estado em desvantagem por duas vezes.

Nota também para a entrada triunfante do Real Madrid de Julen Lopetegui: 3-0 sobre a Roma, semifinalista na última temporada. No outro jogo do grupo G, Plzen e CSKA de Moscovo empataram (2-2).

 

Peseiro regressa à Liga Europa O arranque do Sporting na Liga Europa esta temporada será apadrinhado pelo Qarabag, equipa do Azerbaijão que é uma ilustre desconhecida para a grande maioria dos amantes desta coisa que é muito mais do que um caso de vida ou morte, como diria o lendário Bill Shankly. Para o primeiro passo na segunda prova da UEFA, José Peseiro continuará privado de Bas Dost (o avançado holandês, aliás, ainda deverá continuar indisponível entre duas e três semanas) e também de Wendel, igualmente a contas com uma lesão muscular.

Este jogo marcará o regresso de José Peseiro a uma competição que lhe traz muitas memórias: em 2004/05, o técnico de Coruche levou o Sporting à final da Taça UEFA, como era então denominada a Liga Europa. O encontro, disputado no Estádio José Alvalade, não terminou de forma risonha para os leões (derrotados por 3-1 pelo CSKA de Moscovo), mas esse foi, como lembrou o técnico, “o melhor que o Sporting conseguiu na Europa em 40 anos”, depois da final da Taça das Taças ganha em 1964.