"A minha preocupação não é o PSD, o PS, o CDS ou outros partidos. A nossa questão, o nosso trabalho, é afirmar a identidade da Aliança. Estão aqui pessoas que pertenceram ao PSD, sem dúvida nenhuma, e outras que pertenceram a outros partidos, mas isso não nos inibe de nada. Não queremos ser sucedâneos de nada ou de ninguém, sucessores de nenhuma outra instituição. Queremos ser nós próprios e é isso que vamos fazer, calma e serenamente e trabalhando para ajudar a resolver os problemas das vidas das pessoas", começou por dizer Santana Lopes aos jornalistas, junto ao Tribunal Constitucional – onde, na tarde desta quarta-feira, entregou cerca de 13 mil assinaturas para formalizar a criação de um novo partido, a Aliança.
E acrescentou que vem para ganhar e para concorrer às próximas eleições. "Estamos a preparar-nos para as eleições europeias. Vamos ver, também, quando serão as eleições na Madeira e as legislativas. A Aliança nasce para concorrer a todos os atos eleitoriais e nasce não para procurar um dígito, mas para ganhar um lugar entre os maiores partidos portugueses. Isso exige muito trabalho, andar muito pelo país, falar com as pessoas, conhecer os problemas, ter soluções para eles. O que eu quero não é que a Aliança ganhe o título da oposição mais agressiva ou mais aguerrida. Quero que ganhe o jus de partido que apresenta as melhores propostas para os problemas das pessoas, os problemas concretos."
Logo depois, Santana apontou o dedo à política que é feita atualmente. "Há questões para as quais o sistema político não está suficientemente desperto e já disse isso ao senhor Presidente da República. Falei-lhe das condições de vida nas prisões portuguesas, por exemplo. E não me comecei agora a preocupar com esta realidade porque começou a Aliança. Estava na Santa Casa [da Misericórdia de Lisboa, onde foi Provedor] e encomendei um estudo sobre essa realidade. Os portugueses provavelmente não sabem que há quatro seres humanos que partilham celas só com uma retrete. Falando de outro problema grande, talvez não saibam que na ala do Hospital de São João [no Porto] para as crianças com doenças oncológicas ainda não começaram as obras, passado todo este tempo e depois de o senhor Presidente da República ter pedido esclarecimentos, mais uma vez, sobre as obras que pediu. São assuntos tão óbvios que não deviam demorar um dia a resolver", apontou.
De onde vem o financiamento?
Uma vez que a Aliança vai concorrer a todas as eleições, de onde virá dinheiro para tantas campanhas? Santana Lopes esclareceu que o partido será financiado pelos "próprios militantes", através de um modelo de "crowdfunding", e pelos fundadores – terão "um estatuto especial nessa matéria, com obrigações e deveres, porque têm de dar o exemplo". E, tal como já descrevera antes, o ex-PSD sublinhou que a Aliança será um partido "low cost". "Não queremos gastos excessivos, queremos ser um partido 'low cost' e, para isso, é necessário contenção. Não é com muitas sedes físicas que nos tempos atuais se trabalha, mas com sedes contidas e espaços funcionais", exemplificou.
Ainda em conversa com os jornalistas, Santana Lopes sublinhou que todo o partido foi criado em tempo recorde, "menos de um mês", e que boa parte dos subscritores são jovens. "A tal juventude que não vê debates, não liga à política". Outro dos objetivos, em termos de eleitorado, será ganhar o voto dos abstencionistas: "trazer gente da abstenção para a participação política".
"A Aliança quer ser um partido com disciplina de voto, fiel aos valores e princípios que constituem a identidade nacional, europeísta, mas apaixonado por Portugal, crente no projeto europeu. Nascemos porque temos causas próprias e, sendo uma força política, podemos lutar por elas", descreveu ainda.