O presidente da Câmara de Pedrógão Grande pediu para sair de todos os cargos que ocupava com ligações ao Revita, o fundo que gere alguns donativos do Estado e de privados para a reconstrução de quase metade das casas (100) que arderam no ano passado.
De acordo com uma nota enviada às redações, o autarca Valdemar Alves pediu para sair do conselho de gestão e da coordenação da comissão técnica do Revita.
Além da sua saída do Revita, Valdemar Alves pediu ainda ao Presidente do Revita, Rui Fiolhais, a substituição do ex-vereador do Urbanismo Bruno Gomes, que foi até hoje o técnico do município que coordenava o gabinete que gere os processos de reconstrução das casas ardidas.
Para substituir Bruno Gomes, o autarca indica o engenheiro Álvaro Lopes.
Com estas decisões o presidente da Câmara de Pedrógão Grande pretende “evitar o ruído que se instalou e contribuir para a celeridade e transparência de todo este processo”, lê-se na nota.
Valdemar Alves diz ainda que “as últimas semanas têm sido férteis em especulações, mentiras e manipulações visando desacreditar todo o trabalho desenvolvido no âmbito do fundo Revita e que semeiam dúvidas sobre a lisura dos procedimentos técnicos e a seriedade das declarações feitas pelos proprietários dos prédios”. O autarca frisa ainda que continua “a acreditar nuns e noutras, mas a verdade é que as suspeições estão instaladas”.
A decisão do presidente da Câmara de Pedrógão Grande foi tomada depois de terem sido realizadas buscas pela PJ ao edifício dos Paços do Concelho assim como na Casa da Cultura, onde funciona o gabinete que gere os processos da reconstrução cas casas.
As buscas e diligências decorreram no âmbito de um inquérito do Ministério Público em curso desde julho para apurar a suspeita de vários crimes entre os quais burla qualificada, falsificação de documentos, corrupção, abuso de poder e participação em negócio, avançou ao i fonte do MP.
As suspeitas tiveram origem em reportagens da Visão e da TVI que contam que várias casas de segunda habitação foram reconstruídas através de donativos públicos e privados. Há 21 casos de reconstrução sob suspeita num valor que envolve 500 mil euros.