Parte dos medicamentos não usados não é entregue no local adequado, acabando por contaminar as águas, pois os portugueses deitam fora os produtos nos esgotos, segundo a associação ambientalista Zero.
De acordo com um estudo feito à água recolhida no estuário do Tejo – realizado pelo Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE — Universidade de Lisboa) – foi detetada a presença de "antibióticos, de anti-hipertensivos e anti-inflamatórios em mais de 90% das amostras", adianta a associação, acrescentando que receia uma “alarmante deposição de restos de medicamentos nas redes de drenagem das águas residuais”.
"Apesar de não haver qualquer evidência de que a presença de algumas substâncias ligadas ao uso de medicamentos (incluindo as de uso veterinário) nas águas subterrâneas e superficiais possa colocar em risco a saúde humana, existem estudos que constatam que estão a ocorrer impactes em diversas espécies dos meios aquáticos, nomeadamente em peixes", sublinha a Zero.
Portugal é dos poucos países da União Europeia onde existe uma entidade gestora responsável pelo tratamento destes resíduos, mas a consciencialização dos portugueses para este problema não é ainda suficiente, pois “foram apenas recolhidos cerca de 17% dos resíduos de embalagens e de medicamentos face ao potencial gerado”, sublinha a associação, embora admita que já houve um aumento nos resíduos recolhidos.
Para a Zero, a entrega voluntária dos cidadãos não chega, a associação defende que haja uma espécie de tara sobre as embalagens, de forma a evitar que estas vão parar aos esgotos. A avaliação do impacto que teria um incentivo monetário, é mais uma sugestão. Outro passo importante seria também o alargamento os pontos de recolha às parafarmácias, quartéis de bombeiros, instituições de solidariedade e outros locais.