Juan Emanuel Baptista tem 20 anos e, nas últimas semanas, o seu nome invadiu os órgãos de comunicação social pelas melhores razões: entrou no curso de Engenharia Civil na Universidade da Madeira com uma média de 18,94 valores. Um feito que colocou a Universidade da Madeira no pódio da lista dos cursos com nota de entrada mais alta, passando a instituição a ocupar o primeiro lugar no ranking. Agora, corre o risco de ficar sem curso, isto porque foi o único aluno a candidatar-se e o curso pode nem arrancar.
Mas, a Madeira foi um plano B. Depois de no ano passado ter entrado no Instituto Superior Técnico, Juan Emanuel viu-se obrigado a desistir porque não tinha possibilidades financeiras para pagar a sua estadia em Lisboa, isto porque todos os quartos que encontrou tinham um custo mensal acima dos 300 euros e as condições quase não existiam.
Juan estava confiante de que a bolsa a que se tinha candidatado o iria ajudar a pagar o alojamento na capital. Mas o cenário foi bastante diferente do que tinha imaginado e viu-se obrigado a regressar.
Em entrevista à Lusa, no início do mês, o jovem havia dito que, apesar de ter sido o único aluno a entrar no curso pelo “contigente nacional”, que lhe havia sido comunicado que existiam mais alunos “sobretudo oriundos da África do Sul”, cenário que agora parece não se concretizar.
Da Venezuela para a Madeira
O futuro engenheiro é filho de pais portugueses, mas nasceu e viveu quase toda a sua vida em Miranda, um dos pequenos estados da Venezuela. Contudo, acabou por se mudar para Caracas, juntamente com os seus pais e avós, onde viveu durante quatro anos.
Depois de a situação económica e política se ter agravado, Juan Baptista viu-se obrigado a deixar o país e a regressar à terra natal dos seus pais e avós: a Madeira.
Ao DN contou que se mudou para a Camacha, no concelho de Santa Cruz, Madeira, em 2015, juntamente com a sua avó. Só depois é que mãe e o avô se juntaram a eles no Arquipélago. No entanto, o seu pai e os dois meios-irmãos ainda estão a morar na Venezuela. Ir viver para a Camacha não foi um choque porque «não tinha vivido assim tanto tempo em Caracas» e, por isso, já «estava habituado a uma terra pequena e pacata», confessou.
Com uma vida com algumas barreiras, o jovem, de 20 anos, tem agora o futuro incerto.