A velocidade a que atualmente se processa a vida económica, cultural e política, impele os cidadãos a uma postura expectante face quer ao tipo, quer à celeridade das tomadas de decisão naqueles planos. Contudo, para a maioria esmagadora, é do poder políticos (embora o poder chave seja o económico) que se esperam as principais respostas. Quanto mais culta for a sociedade, mais o zelar pela comunidade tenderá a deixar de ser apenas um atributo indispensável para a realização de campanhas eleitorais, passando gradualmente a ser indispensável em todas as dimensões da política e da ação do Estado, emprestando nova substância à esperança e ao sentido de concretização de sonhos dos cidadãos.
Percebe-se desde já que o sistema político deixará de funcionar se os seus protagonistas não preservarem um sentido de comunidade, adequado aos desafios a enfrentar e ao escrutínio a que estão crescentemente, onde pesam, em simultâneo, o julgamento da ponderação das funções redistributivas do Estado com o individualismo crescente.
Atualmente, são vastos os campos em que se notam sentimentos de insatisfação associados ao inegável acréscimo quer de individualismo, quer de escrutínio social qualificado:
– Saúde mitigada;
– Educação em dissonância com as expectativas de professores, alunos e famílias;
– Inseguranças diversas; Justiça elitizada;
– Descriminação abundante;
– Marcação de espaços urbanos inacessíveis;
– Barreiras sociais cada vez mais altas;
– Aprofundamento das assimetrias económicas e sociais;
– Defesa do bem comum dissimulando alternativas de negócio para os dotados de maior poder (económico, político e cultural – conhecimento/crenças).
Curiosamente, tudo isto se passa num ambiente histórico incomparavelmente superior em termos de patamar cultural e de nível e qualidade de vida da população residente no país. Mas, a verdade, é que sem acrescermos a produtividade, via incorporação de conhecimento diferenciador naquilo que produzimos, perderemos relevância coletiva e não nos restará alternativa senão a de alargarmos tempos de espera por melhorias:
– Espera por um maior equilíbrio entre os poderes efetivos;
– Espera por uma participação ativa e clara no projeto europeu;
– Espera pela adaptação à nova moldura da globalização das economias e da mundialização dos mercados;
– Espera por maiores equilíbrios entre as diferentes regiões do país;
– Espera por maior e mais confiável segurança;
– Espera por maior prudência por parte dos atores financeiros;
– Espera pela estabilização de um modelo de desenvolvimento respeitador do presente e do futuro;
– Espera por uma formulação de desenvolvimento cultural mais equilibrado, consistente e efetivo;
– Espera por uma combinação mais eficiente e equitativa dos interesses em presença;
– Espera pela contenção do poder hegmónico dos grupos de pressão instalados;
– Espera por novos modelos de convivência que impeçam a minimização dos custos a todo o custo;
– Espera por atitudes consequentes que barrem o esvaziamento dos valores humanistas;
– Espera por novos modelos concorrenciais e empresariais adaptados aos novos desafios da economia;
– Espera por modos de atuação em que os mais frágeis não sejam reiterada e negativamente afetados;
– Espera por maior equidade.
Uns esperarão não ter de esperar muito, outros optarão por esperar sentados, sabendo todos que, nestes tempos de espera, o individualismo tentará demasiadas vezes confundir, quando não perverter, as funções básicas do Estado, a quem invariavelmente todos pedimos soluções. Carecemos de convincentes e consequentes respostas políticas.