Em março de 2015, Luís Grilo deu uma entrevista ao jornal O Mirante, para a rubrica “Três Dimensões”, e abriu as portas do seu escritório para falar sobre a sua vida.
Três anos depois, sem que ninguém imaginasse o que podia acontecer, o triatleta é violentamente assassinado com um tiro na cabeça, alegadamente pela sua mulher e pelo amante da mesma.
“Antes de me dedicar à engenharia informática dei serventia a estucadores. Também na fábrica da Covina e nas OGMA (Oficinas Gerais de Material Aeronáutico). Esta área da informática é um bocadinho inglória porque a evolução é constante. Estamos sempre numa corrida para a acompanhar. Sei que nunca voltaremos ao analógico mas por vezes faz falta. No futuro não teremos memória, gravamos tudo em digital e não vemos nada. É como as fotografias. Muitas vezes nem nos lembramos que as temos gravadas.”, contou, na altura, o atleta à publicação.
“Sou de Alverca mas não é uma cidade que me satisfaça. Passei a minha juventude em Vila Franca de Xira e aí sim há muitas tradições e características que Alverca não tem.
Quando regressei a Alverca verifiquei que ninguém tem feito muito para que ela ganhe vida. Não há planeamento. Não existe um sítio central onde as pessoas se encontrem. Há exagero de grandes superfícies que matam todo o comércio tradicional à sua volta. Alverca é um centro de grandes superfícies”, explicava ao Mirante, enquanto falava sobre a sua vida pessoal.
“Sou uma pessoa optimista, que acredita no mundo mas vejo o que me rodeia e o caminho das pedras em que andamos. Os portugueses não têm só coisas más, também temos coisas boas, como a solidariedade e a capacidade de nos desenrascarmos”, disse o triatleta, que aproveitou para falar sobre o seu caminho no atletismo: “Comecei a praticar atletismo há quatro anos e estou viciado. Já participei em várias maratonas. Treino todos os dias entre uma hora e uma hora e um quarto. Aos domingos gosto de fazer umas corridas de manhã. Levo aquilo a sério. É uma questão de superação pessoal e de alcançar os objectivos a que me proponho. Fui agora fazer a maratona de Sevilha.”, contou.
E continuava. “Esta actividade obriga-nos a uma grande preparação porque o desgaste é enorme. O meu escape é tirar todos os dias uma hora para correr. Em termos de distância já fiz uma prova de 55 quilómetros e ando agora a pensar entrar no triatlo, já ando a aprender natação. Mas as provas que me interessam são as maratonas. Sevilha é a sétima maratona que faço nos últimos quatro anos. Tenho vindo a melhorar em termos de tempo.”
Sobre a sua vida pessoal – a relação com a mulher -, Luís Grilo afirmou que era uma relação saudável, apesar de estarem juntos 24h por dia por trabalharem no mesmo local. “Ajudo a minha mulher na cozinha e se estiver sozinho não morro de fome. Mas tem dias. Estamos um com o outro 24 horas por dia porque trabalhamos juntos e para que as coisas corram bem temos áreas bem definidas nas responsabilidades da empresa. Em casa não luto com ela pelo comando da televisão. Está sempre na Benfica TV.
A disputa maior é com o meu filhote. O mundo é tão grande e há tanta coisa para descobrir que sempre que posso viajo. Espero conhecer o Vietname e adoro África. A vida não é só trabalho. Para mim o trabalho é uma parte importante mas não é tudo. O mais importante para mim na vida além de correr é a família e o meu filho. Espero poder vir a dar-lhe ferramentas para ele ter um bom futuro. Acho que não estamos a criar um bom futuro para esta geração mas todos temos de tentar melhorar.”