O major Vasco Brazão assegurou ao juiz de instrução do caso Tancos ter dado conhecimento a Azeredo Lopes da encenação montada na Chamusca mais de um mês após a recuperação do arsenal, apurou o Expresso. Ministro da Defesa nega ter tido qualquer conhecimento.
O antigo porta-voz da Polícia Judiciária Militar, um dos arguidos do caso Tancos, garantiu perante o juiz de instrução que informou o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, sobre a encenação da descoberta do material roubado de Tancos, recuperado na Chamusca várias semanas depois do assalto.
Já no final do ano passado, e após as armas terem sido recuperadas, Vasco Brazão e o coronel Luís Vieira, deram conhecimento a Azeredo Lopes de toda a encenação montada, em conjunto com a GNR de Loulé.
Vasco Brazão garantiu no interrogatório, que decorreu esta terça-feira no Campus de Justiça e que durou oito horas, que entregou pessoalmente, no final de 2017, um memorando com a explicação de toda a operação realizada ao ministro Azeredo Lopes.
O ministro da Defesa, confrontado pelo Expresso, inicialmente recusou-se a comentar as declarações do militar e invocou o segredo de justiça. No entanto, quando questionado sobre se foi ou não informado da operação de encobrimento, respondeu que "não".
Recorde-se que em outubro do ano passado, os cinco militares da PJM e os três da GNR de Loulé, combinaram com um dos alegados autores do furto das armas, a entrega destas.
Além da recuperação encenada, os elementos do grupo comprometeu-se a não informar a Polícia Judiciária e o Ministério Público da operação.
Portanto, para que tal acontecesse, foi montada um esquema de encobrimento, transportando as armas do terreno onde estavam escondidas, na propriedade de familiares do suspeito, para um baldio na Chamusca.
No dia 18 de outubro, a PJM divulgou um comunicado, onde anunciava a recuperação das armas.