A proposta de comissão de inquérito parlamentar sobre o caso de Tancos, pedida pela CDS, tem aprovação garantida no próximo dia 24 e os centristas querem chamar o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, o principal alvo do apuramento de responsabilidades políticas de um roubo de material de guerra nos paióis nacionais.
O ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, Vasco Brazão, que ontem envolveu o ministro no processo de encenação da recuperação de material de guerra roubado, também está na lista. Mas o CDS não abre jogo sobre outros nomes a serem ouvidos. «O CDS não terá a lista de audições antes da comissão de inquérito ser aprovada em plenário e manda e exige a experiência que não se exclua, à partida, nenhuma audição», explicou ao SOL Nuno Magalhães, líder parlamentar dos centristas.
Questionado sobre se tenciona chamar também o primeiro-ministro, António Costa, ao inquérito, Nuno Magalhães admite-o, como último recurso e, apenas, se os factos apurados na comissão o justificarem. «Com certeza. Neste momento não está previsto que o CDS chame, numa primeira fase, o senhor primeiro-ministro, a não ser que a comissão de inquérito assim o determine», concluiu o deputado centrista, destacando que o objetivo do inquérito é perceber também «quem mentiu» num caso que se arrasta desde junho de 2017.
A proposta de inquérito terá os votos favoráveis do PSD, mas também do PS, ainda que os socialistas não poupem o CDS pela sua intenção «de denegrir o Estado, contribuindo para o desprestígio das Forças Armadas». O líder parlamentar socialista, Carlos César, garantiu aos jornalistas que não há «meias-tintas», no que toca à viabilização do inquérito. Já os sociais-democratas precisaram apenas de 15 minutos para tomar a decisão. A explicação foi dada pelo líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, depois de o PSD ter aguardado uma semana para anunciar uma posição final sobre a proposta de inquérito. Os sociais-democratas querem avaliar os «problemas de articulação de órgãos do Estado», uma situação que Negrão classificou de «vergonha», que urge esclarecer.
O PCP deu sinais de que irá abster-se, mas não confirmou oficialmente o sentido de voto, ao passo que o Bloco de Esquerda decidiu também usar a abstenção, mas acusou os centristas de «populismo», por terem anunciado a proposta no mesmo dia em que foram detidos oito pessoas, no âmbito do inquérito sobre a recuperação de armas.