Os chilenos José Andrés Murillo, James Hamilton e Juan Carlos Cruz, vítimas de abusos sexuais cometidos pelo padre Fernando Karadima, acusam a Igreja Católica de obstrução à justiça chilena, ao tentar travar as investigações.
Numa carta divulgada neste sábado pelo jornal “El Mercurio”, os três notam que o arcebispo de Santiago, Ricardo Ezzatti, ficou esta semana em silêncio perante o procurador que o citou para depor como réu no alegado encobrimento de abuso sexual. “Esta atitude de colocar obstáculos para investigar a verdade, opõe-se, em primeiro lugar, ao direito das vítimas de ver a justiça ser feita.”
As três vítimas de Karadima denunciam ações como esta como contrárias ao apelo do papa para a “cooperação com a justiça e ter tolerância zero para o abuso e encobrimento”.
De acordo com um relatório publicado em finais de agosto, o Chile está atualmente a braços com 119 investigações em curso, com 167 arguidos ligados à Igreja e 178 vítimas identificadas — 79 delas menores à data da ocorrência dos factos.
Há semanas, o papa Francisco, segundo explicou o Vaticano, “em consciência e para o bem da Igreja”, retirou os cargos e reduziu à condição de leigo o conhecido padre Fernando Karadima, condenado por pedofilia no mediático caso que marcou a agenda da sua viagem ao Chile em janeiro passado.