Capoulas Santos, ministro da Agricultura, estará hoje na cidade de Oliveira do Hospital para visitar a Associação Nacional de Ovinicultores, numa visita que será tudo menos pacífica. Do lado dos agricultores e produtores afetados pelo incêndio de outubro do ano passado, está prometida uma receção no mínimo crítica, no máximo azeda.
O Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), criado especificamente para ajudar os lesados dos incêndios de outubro, reuniu produtores de Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil, Gouveia e Seia para receber Capoulas Santos com faixas pretas com mensagens de protesto.
“Vergonha nacional” e “abandonados” são palavras que o ministro da Agricultura vai ler assim que chegar ao local. O porta-voz do movimento, Nuno Tavares Pereira, garante ao i que os acessos para a Associação Nacional de Ovinicultores estarão enfeitados com faixas negras, como símbolo de luto. “Vamos também levar um caderno com as coisas que já dissemos não sei quantas vezes”, para confrontar novamente o ministro da agricultura, sendo que “há milhões, milhões, milhões e queremos saber onde é que eles estão”, diz Nuno Tavares Pereira.
Ainda hoje se sentem os efeitos dos incêndios de outubro do ano passado nos concelhos afetados. No dia 15 de outubro morreram mais de oito mil ovelhas só na região de Oliveira do Hospital, o que provocou uma espécie de efeito bola de neve: menos animais, menos leite e uma quebra na produção de queijo, o produto mais vendido da região e forma de sustento de parte da população.
Do governo, além de promessas, pouco chegou aos municípios mais afetados e a maioria dos agricultores não conseguiu obter qualquer apoio, ou ainda não viu aprovado o seu pedido.
“Continuamos à espera de medidas que não saem do papel e são tão impossíveis de concretizar, como acabar com o flagelo dos incêndios”, escreveu o MAAVIM na última carta enviada ao Ministério da Agricultura, onde dão conta de mais de 50 mil pessoas afetadas na área da agricultura e a maioria ficou fora do programa de apoio por vários motivos, sendo um deles, o tempo, ou a falta dele. Enquanto em Pedrógão o prazo para submeter os projetos foi de mais de três meses, na zona centro, “as populações nem um mês tiveram”, lê-se no comunicado, acrescentando ainda que “a desculpa era que, para pagar rápido tinha de ser assim, antes do Natal, mas isso não aconteceu. Muitos foram os milhões cortados nas candidaturas, que continuam por justificar”.