Um estudo internacional, levado a cabo pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T%E), da qual faz parte a associação portuguesa ZERO, concluiu esta quarta-feira que a utilização de gás natural no setor dos transportes é tão prejudicial para o clima como outros combustíveis fósseis.
"A queima de gás natural nos veículos também emite poluentes para a atmosfera, como a gasolina, e apresenta vantagens limitadas em relação aos veículos a gasóleo que cumprem as normas de poluição, mas que podem ser eliminadas através de nova regulamentação", afirma o estudo, citado pela Lusa.
Além disso, uma outra conclusão do estudo é que o gás natural não pode ser utilizado com o objetivo de “reduzir as emissões de carbono dos transportes rodoviários e os reguladores devem reconhecer isso e o mesmo deve começar a ser “taxado como gasóleo e gasolina”.
"Se tivermos em conta os riscos de fuga de metano, um poderoso gás com efeito de estufa, com maior impacto climático do que o CO2 (dióxido de carbono), as emissões fósseis de gás natural poderiam aumentar as emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) até 9%, ou diminuir até um máximo de 12%, se considerarmos todos os modos de transporte", vinca o estudo.
Em média, na União Europeia, o gás natural paga menos imposto sobre o combustível do que o gasóleo (-76%).
Para a ZERO "o gás natural é uma utopia e uma distração em relação ao objetivo de reduzir emissões nos transportes, para cumprir a meta de descarbonização em 2050" e os automóveis, camiões e navios movidos a gás natural "não trazem nenhum benefício para o clima e são uma distração do verdadeiro objetivo que deveria ser de um sistema de transportes de emissões-zero, tanto quanto possível".
A associação ambiental defende que os "investimentos em Portugal no financiamento a infraestruturas, veículos e embarcações a gás natural devem ser limitados porque são um erro estratégico” e que "a prioridade deve ser dada a infraestruturas de abastecimento elétrico e transição para eletricidade deve ocorrer diretamente dentro de poucos anos".
Assim, a ZERO encara o gás natural como “uma política complementar da mobilidade elétrica" que pode desempenhar um papel “importante na diversificação de fontes energéticas”.