Pequim e Washington correm o risco de as suas relações passarem a ser de guerra fria nos próximos dez a 20 anos. Quem o disse foi o antigo governador do Sistema da Reserva Federal norte-americano ao canal CNBC, Kevin Warsh. “Estamos em risco de uma verdadeira guerra fria”, alertou Warsh. “Podemos estar no início de uma guerra fria de 10 a 20 anos? Isso terá enormes implicações para a economia”, acrescentou, referindo ainda que as relações entre os EUA e a China “estão ainda piores” do que no tempo do antigo presidente Richard Nixon, na década de 70.
Se Washington se tem debruçado em contrapor a Moscovo, relegando as preocupações com a China para segundo plano, o antigo governador da Reserva Federal não tem dúvidas de que nos “próximos cinco a dez anos” se vai ter dois polos no sistema internacional: “um mundo chinês e um norte-americano”. “E as [outras economias globais] vão ter de escolher um ou outro”, acrescentou.
Nos últimos anos Pequim tem expandido os seus interesses económicos, comprando empresas públicas de outros países, como foi o caso da EDP em Portugal, para ganhar influência, mas se tem concentrado em disputas territoriais com históricos aliados dos Estados Unidos, como é o caso das ilhas Diaoyu/Senkaku com o Japão. Se na economia a China se tem tornado num ator cada vez mais relevante, no plano militar ainda se encontra muito atrás dos EUA, assumindo uma postura de calma e paciência na contestação à hegemonia norte-americana no sistema internacional