De acordo com uma sondagem realizada aos europeus sobre a mudança da hora, concluiu-se que mais de 80% dos inquiridos pediram que esta se mantenha.
Depois de conhecidos os resultados da sondagem, a Comissão Europeia a anunciou, pela voz do Jean-Claude Juncker, ao canal de televisão alemão ZDF, que vai propor formalmente o fim da mudança de hora na União Europeia.
Mas afinal, o que é que pode mudar no dia-a-dia das pessoas se a mudança da hora se alterar? Nós explicamos.
Há pelo menos quatro fatores que alteram o quotidiano das pessoas.
Se começarmos a viver apenas com um horário – o de verão -, o sol passará apenas a nascer por volta das 09h00 durante os dias mais curtos do ano, entre dezembro e janeiro, e pôr-se depois das 18h00.
Relativamente aos meses de verão, o sol passaria a aparecer depois 05h00 mas desaparecia pelas 20h00.
Esta é, provavelmente, uma das diferenças que seria mais sentida, uma vez que até agora, o horário de inverno fazia com que o sol nascesse por volta das oito da manhã o mais tardar e desaparecesse pelas cinco da tarde nos dias mais curtos do ano.
À agência Lusa, o médico especialista do sono, Joaquim Moita, alertou que um horário destes não seria “benéfico”, uma vez que “o desempenho cognitivo e físico podem ficar comprometidos”. “As crianças e os adolescentes já deviam ir bem acordados para a escola e, para acordar bem, o cérebro precisa de exposição ao sol, à luz solar”, explicou.
Mas não é só nos mais novos que este horário pode trazer problemas. Nos adultos também. “Os mesmos problemas também se podem aplicar ao mundo do trabalho. É muito preocupante para as faixas etárias mais jovens, mas também para quem já trabalha”.
No entanto, não são só coisas más: a saúde da população em geral pode melhorar.
De acordo com um estudo publicado há dois anos, há um aumento de 8% no número de ataques cardíacos nos dois dias seguintes à mudança de horário para verão e para inverno e, portanto, aqueles que são mais sensíveis acabam por ser os mais prejudicados. Além disso, o estudo refere que os doentes oncológicos têm uma probabilidade 25% maior de sofrer um enfarte nesse período, bem como os idosos, que têm uma probabilidade de cerca de 20% maior de sofrer um ataque cardíaco no mesmo período.
Além disso, vários especialistas indicam que muita gente tem dificuldade em adormecer logo nos tempos a seguir à mudança da hora, sobretudo quando chegam os dias úteis. Segundo um investigador da Universidade de Washington, Christopher Barnes, a maioria das pessoas tendem a dormir menos 40 minutos do que é normal, logo na segunda-feira a seguir à mudança da hora. Posto isto, é possível, de acordo com vários estudos realizados pelo Centro de Investigação de Distúrbios do Sonom, relacionar a falta de descanso com um aumento dos acidentes rodoviários.
A Comissão Europeia propôs o fim da mudança de horário por considerar que esta poderá contribuir para a poupança de dinheiro em energia, uma vez que há estudos que sugerem que o consumo de energia aumenta com as mudanças de hora e, por isso, é possível que se passe a gastar menos dinheiro neste campo.
De acordo com o Departamento da Energia dos Estados Unidos, a mudança da hora contribui para uma diminuição de 0,03% no consumo anual de energia.
No entanto, passasse a gastar menos de um lado e mais do outro. As pessoas vão ter tendência a gastar mais dinheiro em compras, explicou o autor do livro “Spring Forward: The Annual Madness of Daylight Saving Time, Michael Downing, durante uma entrevista à NPR – uma rádio nacional norte-americana. Durante a entrevista, o autor referiu que “o horário de verão aumenta o consumo de gasolina, algo que a indústria do petróleo sabe desde 1930” e, portanto, “as pessoas saem e gastam dinheiro. Esta tem sido uma política de gastos longa e tremendamente eficaz. As lojas de centro comercial adoram o horário de verão”, disse.
Mas ainda há mais. Se a mudança da hora for para a frente, é possível que muitos problemas informáticos verificados nesses dias deixem de acontecer. Estas mudanças podem povocar problemas nos computadores, uma vez que obriga a atualizações de última hora e que podem prejudicar os calendários digitais e a receção/envio de emails.