A página de candidatura de Maria Begonha à Juventude Socialista (JS) continha dados errados: um ano de nascimento incorreto, a referência a um mestrado em Ciência Política que afinal ficou a meio e a menção a uma presidência da Associação de Estudantes da Universidade Nova de Lisboa que não aconteceu. A denúncia foi feita pelo jornal Público, na terça-feira. E, depois disso, as informações foram alteradas.
Ao SOL, a socialista garante que a nota biográfica que disponibilizou para ser usada no site da candidatura «continha em absoluto todas as informações corretas e atualizadas». O erro foi da equipa responsável pela página: «A nota foi alterada por colaboradores da candidatura, o que resultou numa versão que não está correta e ficou desvirtuada».
Maria Begonha reconhece os erros da equipa, mas nega que tenham sido cometidos propositadamente. «Foi sem intenção e já foram corrigidos. Não só eu não alterei qualquer informação como não o fizeram outros em meu nome ou a meu pedido», afirma.
A também antiga deputada municipal socialista e assessora do vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Duarte Cordeiro, assegura que nunca utilizou informação falsa para se candidatar a cargos políticos. «Ao longo do meu percurso político, candidatei-me e exerci diversas funções – como na Assembleia Municipal de Lisboa e na Câmara de Lisboa – e sempre enviei currículos com todas as informações imaculadas», refere.
A verdade é que, apesar de já terem sido corrigidos, existiram erros na página de candidatura de Maria Begonha. Sobre a formação académica, era referido no site que a candidata era mestre em Ciência Política. Contudo, a socialista apenas frequentou o primeiro ano, não tendo concluído o mestrado. «As pessoas que trabalham para o site confundiram a frequência do primeiro ano curricular do mestrado com o mestrado acabado», explica a socialista.
Outro dos dados incorretos era a data de nascimento. No site estava escrito que Maria Begonha nasceu a 21 de janeiro de 1989, quando a candidata à JS nasceu em 1989. Pode parecer um erro sem importância, mas pode ter um significado político: o facto de ter nascido em janeiro de 1989 faz com que concorra a líder da JS a apenas algumas semanas de atingir o limite de idade: os 30 anos. No entanto, a socialista nega que tenha havido essa intenção. «O congresso – onde é eleito o presidente da JS – vai realizar-se em dezembro, quando eu ainda tenho 29 anos e estou plena capacidade de me candidatar a qualquer cargo na JS. Portanto, eu não tenho nenhum problema com a minha idade», garante.
A página da candidatura indicava ainda que Maria Begonha tinha sido presidente da Associação de Estudantes da Universidade Nova de Lisboa. Mas, na verdade, foi apenas presidente da mesa. A socialista afirma que, mais uma vez, se tratou de uma confusão da equipa responsável pelo site.
Maria Begonha é, até agora, a única candidata à presidência da JS e há muito que é apontada como a sucessora natural de Ivan Gonçalves, o atual líder da JS. A candidata garante que não perdeu apoiantes com este episódio. «Eu tenho apoiantes de norte a sul do país e das regiões autónomas e todos eles estão a reiterar o seu apoio à candidatura. Agora, este não era o início de campanha que queríamos», defende.
Avenças de 140 mil euros
Mas o currículo com erros não é a única polémica em que Maria Begonha está envolvida. O seu percurso político também está a gerar controvérsia: segundo o Observador, em quatros anos, a socialista recebeu 140 mil euros em avenças da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia de Benfica, ambas lideradas pelo PS. Foi secretária na junta de freguesia de Benfica, de 2014 a 2016, e recebeu cerca de 27 mil euros. E, com os contratos como assessora do vice-presidente da Câmara de Lisboa, Duarte Cordeiro, de 2016 a 2017 e de 2017 a 2018, recebeu cerca de 110 mil euros.
Maria Begonha é conhecida como uma delfim do socialista Duarte Cordeiro. o que, segundo apurou o SOL, já está a causar mal-estar no PS.