Paulo Portas não encontrou “nos 27 anos de vida pública do capitão Bolsonaro nenhum indicador eticamente reprovável em termos pessoais”. Nume entrevista à TVI o ex-governante e ex-líder do CDS disse que o agora eleito presidente do Brasil estava “a ser julgado preventivamente”.
“A ideia de que Bolsonaro é um Presidente ultraliberal é uma ideia muito provavelmente exagerada”, disse ainda Portas acrescentando que “Bolsonaro é homem do exército na sua formação. O exército brasileiro sempre foi nacionalista, proteccionista e foi quem guiou o Brasil para as políticas de desenvolvimento nacional e políticas de indústria nacional”.
Paulo Portas acredita que Fernando Haddad – candidato do PT com quem Bolsonaro disputou a segunda volta das eleições –, se fosse eleito, “a primeira coisa que ele faria era libertar Lula”.
Apesar de deixar elogios a Lula da Silva no primeiro mandato, o ex-vice-primeiro-ministro considerou o segundo mandato “um desastre” e que se tornou “quase incontornável e muito sério com [a presidência de] Dilma”.
“Acho é que o PT, depois PMDB e o PSDB, é elevadamente responsável pela emergência de Bolsonaro. Em circunstâncias normais ele não teria emergido. Ele está há 27 anos na política e nunca deixou de ser uma pessoa residual do ponto de vista do sistema”, disse ainda o ex-líder do CDS numa análise às eleições brasileiras.
Quando foi questionado sobre em qual dos dois candidatos preferia votar, Portas optou por não escolher nenhum. “Faço poucas concessões com o meu voto, até porque me habituei durante muitos anos a votar em mim próprio. Acho que se deve ter alguma humildade quando se trata de um país estrangeiro, embora um país que nos gostamos muito, para não correr o risco de parecer que há uma interferência”, explicou rematando que “entre a reação e a corrupção ninguém me pode obrigar a escolher”.