Um dia, um imperador de um país distante, que era mais louco do que o maior de todos os loucos dos seus súbditos, ouviu a um dos seus generais uma história rocambolesca. Dizia o patenteado oficial que os seus heróicos homens tinham recuperado o armamento que um ano antes fora roubado da fortaleza central, o que tanto deixara amalucado o povo e a realeza. Fora apenas isto, e sua majestade aí encontraria motivo de regozijo, momento para deglutir uns nobres pastéis de Belém, fazer uma infusão de paracetamol, dar um mergulho numa praia chamada Guincho e mesmo um xoxo com língua numa velha. Mas a coisa era feia, cabeluda e trazia na cauda a traição, acrescentava o general: é que o roubo até poderia ter sido evitado não fora a sua polícia criminal e a procuradora do reino, com a incumbência de zelar pela segurança do burgo, se terem mancomunado com os ladrões.
Ainda hoje, naquele país longínquo, ninguém encontrou arrazoada explicação para o ofício do monarca, acompanhado na íntegra pelo senado, que decretou a extinção daqueles dois ramos da administração. E sua majestade, durante os muitos e felizes anos que reinou, nunca teve um assomo de que fora ele o enganado, e logo por um general de grande lucidez.