O Irão prepara-se para as sanções norte-americanas contra a sua exportação de petróleo que entrarão hoje em vigor. É comum milhares de iranianos irem para as ruas relembrar a tomada da embaixada dos Estados Unidos em 1979, onde, em plena Revolução Islâmica, estudantes fizeram 52 funcionários norte-americanos reféns, mas ontem o número de pessoas atingiu recordes. Entre cânticos de “Morte à América”, milhares de iranianos queimaram a bandeira norte-americanas nas ruas da capital e noutras cidades do país e juraram fidelidade à república islãmica, segundo a agência estatal IRNA.
Washington sempre foi um inimigo declarado da república islâmica, seja por ter apoiado o regime do xá Rehza Pavlevi, fornecido apoio ao regime de Saddam Hussein na guerra Iraque-Irão (1980-88) ou por tentar proceder a mudanças de regime no país. Os ânimos voltaram a escalar com a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com Teerão, assinado durante a administração Obama, e com o anúncio de mais sanções à venda do petróleo iraniano. O Irão é o quinto maior exportador da matéria-prima no mundo.
O presidente norte-americano, Donald Trump, abandonou o acordo em maio, ao contrário das restantes potências signatárias – China, França, Reino Unido, Alemanha e Rússia. A administração Trump alegou que Teerão o estava a violar, mas as restantes potências, incluindo a Agência Internacional de Energia Atómica, garantiram que o estava a respeitar na íntegra. Trump ficou, mais uma vez, isolado na sua política externa, à semelhança do que aconteceu com a saída do Acordo Climático de Paris. “O mundo opõe-se a todas as decisões de Trump”, disse no sábado o líder supremo da república islâmica, o aiatola Ali Khamenei, citado pela IRNA. “O objetivo da América é restabelecer o domínio que tinha [antes da mudança de regime em 1979], mas falhou”.
A oposição de Trump ao acordo nuclear remonta à a sua assinatura, em 2015, e durante a campanha presidencial assegurou que o iria rasgar. Trump considera-o um mau acordo por entender que favorece Teerão. Relembre-se ainda que Washington tem apostado numa aliança com o Egito, Arábia Sáudita e Israel para isolar o Irão e diminuir a sua influência no Médio Oriente.
Os militares iranianos realizarão hoje e amanhã um exercício militar de defesa anti-aérea para provarem que conseguem neutralizar qualquer ameaça. “Podemos garantir aos iranianos que o inimigo não será capaz de levar a cabo as suas ameaças contra o nosso país”, disse o militar responsável pela coordenação do exercício, Habibollah Sayari, à agência estatal.