Primeiro round: check. Com maior ou menor dificuldade (foi mesmo maior, neste caso), o Sporting ignorou a turbulência pós-demissão de José Peseiro e foi buscar três pontos aos Açores, conseguindo uma vitória mais saborosa do que propriamente merecida. O resultado final (1-2), de facto, não faz jus às dificuldades sentidas pelos leões perante um Santa Clara que joga realmente bem à bola, com ideias bem definidas e uma organização de ressalvar.
Comandado pela primeira vez por Tiago Fernandes, até agora adjunto de Peseiro e filho de uma lenda dos leões (Manuel Fernandes), o Sporting apresentou-se em São Miguel com um figurino novo esta época: 4x4x2, com Diaby ao lado de Bas Dost na frente e um meio-campo formado por Nani, Bruno Fernandes, Battaglia e Acuña. Além do lateral esquerdo, o ganês Lumor, que nem convocado para o campeonato chegou a ser por Peseiro. A favor do vento (que se fez sentir sobremaneira na tarde de ontem), os leões tentaram fazer uso dessa vantagem logo a abrir, mas Marco opôs-se muito bem à bomba do meio da rua de Bruno Fernandes.
A partir daí, na primeira meia hora, a destacar só a lesão de Battaglia: após choque com Candé, o médio argentino ficou seriamente queixoso e teria mesmo de ser substituído de pronto por Gudelj aos 30’. Logo depois, o primeiro golo do jogo: um passe sublime de Osama Rashid, o capitão do Santa Clara, sobrevoou a defesa leonina e encontrou Zé Manel, que sozinho na cara de Renan não desperdiçou a oportunidade de ouro.
Logo a seguir, uma tentativa de longe de Lumor e, já perto do intervalo, novo remate ao lado, agora de Bas Dost: cingiu-se a isto a reação do Sporting. Ao intervalo, Tiago Fernandes trocou Diaby por Jovane, mas foi o Santa Clara a ameaçar aumentar a contagem logo após o reatamento, num remate de Pineda. E aos 59’, o lance mais polémico do encontro: Manuel Mota, o juiz da partida, entendeu que Bas Dost foi derrubado na área contrária e apontou para a marca de grande penalidade – uma decisão que motivou inúmeros protestos da equipa da casa e que acabaria por motivar a expulsão de Patrick Vieira, por protestos, já após a conversão do penálti.
Que aconteceu duas vezes. Bas Dost bateu Marco à primeira, mas o árbitro mandou repetir; à segunda tentativa, o holandês atirou exatamente da mesma forma e para o mesmo lado, mas o guardião dos açorianos nem se mexeu. Estava feito o 1-1 e o Santa Clara ficava então a jogar com dez: começava aí a desenhar–se a derrota.
Derrota essa que ficou efetivada aos 75’, já depois de Jovane ter desperdiçado uma excelente ocasião de cabeça, após cruzamento de Acuña. Aí, os papéis inverteram-se e foi o jovem cabo-verdiano a centrar para a cabeça do argentino. O Sporting dedicou-se depois a gerir a magra vantagem, embora ainda tenha sofrido três enormes calafrios nos últimos minutos, fruto de remates de fora da área de Candé, Rui Silva e Rashid. “Na segunda parte demos uma resposta à Sporting, com qualidade e agressividade”, realçou Tiago Fernandes, com João Henriques, o timoneiro do Santa Clara, a considerar o resultado “injusto” e a queixar-se da arbitragem: “Sei que não é fácil ver o Santa Clara ao intervalo à frente do Sporting e com os mesmos pontos do Benfica. Penálti? Houve 50 lances desses a meio-campo que não foram marcados, o árbitro nem sabia quem tinha cometido a falta. Na nossa opinião, não há penálti nenhum. Tínhamos tudo para ganhar, estávamos por cima e saímos daqui muito tristes. Expulsão do Patrick? Temos de ser mais inteligentes, obviamente, mas o critério não é igual: o Nani teve uma reação intempestiva e até encostou a cara ao árbitro e não viu o segundo amarelo.”
Braga imparável antes do Dragão O triunfo nos Açores colocava momentaneamente o Sporting no segundo posto, a dois pontos do FC Porto e à frente de Braga, Benfica e Rio Ave. Mas os bracarenses e os vila-condenses ainda tinham de cumprir esta ronda – o Braga recebia logo a seguir o Vitória de Setúbal, enquanto o Rio Ave é esta noite anfitrião do Nacional.
Pois bem: se dúvidas ainda houvesse, o conjunto minhoto voltou a mostrar que é mesmo candidato. A exibição até nem foi das mais convincentes desta temporada, mas chegou para o que se pedia: os três pontos. O Braga venceu por 2-1, com bis de Dyego Sousa, provavelmente o grande nome do campeonato até ao momento, e voltou a colar-se ao FC Porto no topo da tabela. Com um aliciante extra: é que para a semana há um… FC Porto-Braga no Estádio do Dragão.
A viver um período de completa crise está agora o Benfica, que esta noite pode cair para quinto, caso o Rio Ave pontue na receção ao Nacional. É certo que a distância para o duo da frente (quatro pontos) ainda é recuperável, até pelo facto de haver na próxima jornada esse duelo entre ambos, mas é indesmentível o mau momento que as águias atravessam, agravado com a derrota caseira da última sexta-feira perante o Moreirense (1-3). Luís Filipe Vieira já garantiu que Rui Vitória ficará no comando técnico pelo menos até junho de 2020, quando termina o seu contrato, mas o cenário é cada vez mais desfavorável para o (ainda) treinador encarnado.