A tourada ministerial

A ministra que Costa se lembrou de escolher para gerir a cultura ainda nem tinha aquecido a sua nova cadeira e já estava a vomitar alarvidades contra os aficionados dos touros, a quem adjectivou de incivilizados

Uma das grandes diferenças que existem entre as pessoas de direita e as que se arvoram de esquerda, principalmente as oriundas daquela burguesia do caviar que adora engalanar-se com t-shirts onde sobressai a fotografia do sanguinário Che, é que as primeiras quando não gostam de alguma coisa ignoram-na e as segundas, quando confrontadas com situação idêntica, procuram logo proibir essa mesma coisa ou, se tal não for possível, estrangulá-la até obterem a cassação da sua actividade.

É precisamente isto que está a acontecer com o espectáculo taurino. A esquerda, em geral, com a excepção de algumas mentes mais esclarecidas do PS e os comunistas, estes em parte porque nos concelhos que “governam” no Alentejo a tradição taurina tem demasiado peso, não vai descansar enquanto não alcançar a proibição total das corridas de touros.

Socorrem-se, para o efeito, da militância daquela espécie de partido que coloca a vida animal num patamar superior ao da vida humana, e também de alguns seres que ideologicamente se posicionam à direita mas desprezam as tradições enraizadas no nosso povo.

A ministra que Costa se lembrou de escolher para gerir a cultura ainda nem tinha aquecido a sua nova cadeira e já estava a vomitar alarvidades contra os aficionados dos touros, a quem adjectivou de incivilizados.

Compreende-se que a senhora em questão não perceba rigorosamente nada de cultura e que desconheça em absoluta que não são os governantes que decidem o que é um espectáculo cultural, mas sim as populações que o acolhem nas suas ancestrais tradições.

Na verdade ela não foi escolhida para o desempenho das funções de que foi investida pelo conhecimento da área que vai tutelar, que aparentemente é zero, mas sim pela vontade do seu chefe em satisfazer as minorias ruidosas, agraciando-as com generosas quotas no aparelho do Estado.

Mas a nós, os que não dispensam uma ida aos touros, bem como à grande maioria dos que não se revêem no mundo taurino mas respeitam os gostos dos outros, não nos interessa absolutamente nada com quem a ministra dorme, mas dela exigimos, sim, respeito pelas nossas convicções, as quais vão ao encontro das tradições e costumes seculares que os portugueses adoptaram como suas.

Da responsável pela cultura deste País quer-se isenção e imparcialidade nos direitos e deveres que são impostos aos agentes culturais, não variando a sua postura sobre as artes ao sabor dos seus gostos pessoais, mesmo que se lembre de se refugiar no grotesco e descabido argumento civilizacional, porque não se lhe assiste, a ela, o direito de catalogar com força de lei o que se enquadra ou não na civilização que é de todos.

Tem sido norma nesta partidocracia vigente premiar-se aqueles artistas que têm as salas de espectáculos, onde se pavoneiam, às moscas, por via da ausência de qualidade com que as suas veias artísticas foram dotadas, e, simultaneamente, castigar-se quem atrai público e cria empatia com os espectadores que acorrem em massa  às suas representações.

Por isso as corridas de touros provocam dor de cotovelo em grande parte dos pseudo-artistas que sobrevivem à custa de subsídios estatais. Ao contrário destes, os toureiros enchem as praças de touros por esse Portugal inteiro, não necessitando da habitual esmola governamental para não caírem no esquecimento e na miséria.

Além de mais contribuem decisivamente, com o seu esforço e saber, para que milhares de portugueses encontrem nos diversos negócios que germinam à volta das faena o seu modo de vida e, consequentemente, o seu ganha-pão.

É também graças aos toureiros que se tem preservado a espécie animal que faz parte integrante do espectáculo taurino. No dia em que se acabarem com as touradas os touros extinguem-se, porque as ganadarias também desaparecerão, pondo, assim, cobro à criação daquele nobre animal.

Basta desta doentia fobia pela lide do touro.

E basta de nos acusarem a nós, os amantes dos touros e dos cavalos, de sermos primitivos.  

Aqueles que aparecem sempre na primeira linha dos atritos contra as touradas, em suposta solidariedade com a vida animal, são também os primeiros a clamar pelo direito a que se ponha termo à vida de uma criança antes mesmo dela nascer, sendo, assim, os principais responsáveis por ter sido negado o direito à nascença a milhões de crianças por esse mundo fora.

Aqueles que mais berram contra as condições que entendem por desumanas para os touros, são os mesmos que se recusaram a aprovar uma lei que criminaliza o abandono de idosos.

Aqueles que sistematicamente se posicionam contra as touradas em nome da civilização, são os que mais se empenham na destruição de uma civilização milenar, herdada dos nossos antepassados, em que a família constitui o primeiro pilar, aprovando medidas nas quais o individualismo se sobrepõe à vida familiar e as crianças tornam-se joguetes nas fantasias sexuais de gente perturbada, impedindo-as do direito divino a terem um pai e uma mãe.

Aqueles que mais lágrimas, de crocodilo, obviamente, vertem perante o destino do touro após a lide, são os que mais vezes vieram para a praça pública justificar a eutanásia, uma forma encapotada de condenar à morte os mais débeis.

Deixem-se, pois, de falsos moralismos! 

Senhora ministra, para bem de todos nós arranje uma desculpa qualquer e vá-se embora.

Não o sugiro por não gostar de si, até porque não gosto nem deixo de gostar, pois não a conheço de lado algum, nem sequer faço a mínima questão de a conhecer.

Quero que ceda o seu lugar a quem, verdadeiramente, percebe de cultura, por uma questão de civilização. De se preservar a nossa civilização.

PS: Para que não se tirem conclusões precipitadas e desprovidas de veracidade, esclareço que nada tenho contra os homossexuais. De entre os meus amigos há quem siga uma orientação sexual diferente da minha e nunca será por isso que o meu respeito, consideração e amizade por eles possa vir a diminuir.

Repugnam-me, sim, os lobbys, sejam eles do avental, da ideologia do género ou qualquer outro.

Um dos principais motivos do nosso atraso crónico é o de que, regra geral, as pessoas são escolhidas para as funções de maior responsabilidade não pela sua competência técnica, mas sim pela influência do lobby em que se movem.

E este drama é transversal a todos os sectores da sociedade, tanto no público como no privado! 

 

Pedro Ochôa