Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men, Hulk, Homem de Ferro, Thor, Demolidor, Doutor Estranho, Os Vingadores, Pantera Negra e a lista de personagens criadas por ele não termina aqui. Ele a quem a carreira de mais de 60 anos na Marvel fez ontem publicações como a “Hollywood Reporter” descreverem-no como “o super-herói da vida real”. Stan Lee, escritor, editor, publisher e antigo presidente da Marvel Comics, morreu ontem, aos 95 anos.
Numa entrevista concedida este ano ao i a propósito da última edição do Comic Con Portugal, o diretor do evento, Paulo Rocha Cardoso, apontava-o como a grande figura com que sonhava poder trazer um dia a Portugal: “Stan Lee, que fez muito deste universo acontecer”. E isso é ponto mais do que assente para todos os que se movimentam no universo dos superheróis. No dia da morte de Stan Lee, a grande rival da Marvel, a DC Comics, fez questão de lhe prestar homenagem, com um agradecimento pelo contributo que eu a esse mundo. “Ele mudou a forma como vemos os heróis, e as bandas desenhadas modernas terão para sempre a sua marca indelével”, escreveu a DC no Twitter. “O seu entusiasmo contagiante recordava-nos a razão pela qual nos apaixonámos por estas histórias no início. Excelsior, Stan.”
Nascido em 1922 no Bronx, Nova Iorque, numa família de judeus imirados da Roménia, Stanley Martin Lieber passou boa parte da sua infância num pequeno apartamento T1. Perseguindo o sonho de adolescente de um dia se tornar escritor, começou a trabalhar aos 15 anos, e ao mesmo tempo que escrevia obituários para jornais entregava sanduíches nos escritórios do Rockefeller Center. Trabalhou também num dos teatros da Broadway e, ainda nos anos da adolescência, começou a trabalhar para Martin Goodman, que se tinha casado com uma prima sua, na Timely Comics, que viria a transformar-se na Marvel Comics. Publicou o seu primeiro trabalho na revista do “Capitão América” em 1941 como Stan Lee a pensar que deveria guardar o seu verdadeiro apelido para o dia em que publicasse o seu grande romance.
Durante a II Guerra Mundial, prestou o seu serviço no departamento de comunicação do exército, com a escrita de manuais, slogans ou filmes de treino. Foi no seu regresso à Marvel, depois de terminada a guerra, que já no final da década seguinte deu início a uma revolução na Marvel e começou a criar um novo tipo de super-heróis. Mais humanos.
Daí a citação escolhida ontem pela NPR de uma entrevista feita a Lee:_“Antes de a Marvel existir, se um super-herói fosse a descer a rua e desse com um monstro de três metros, pele roxa e oito braços a deitarem fogo na sua direção diria qualquer coisa como ‘olha, um monstro de outro mundo, é melhor apanhá-lo antes que destrua a cidade’. Agora, se um dos nossos heróis da Marvel visse o mesmo monstro gosto de pensar que o Homem-Aranha poderia dizer ‘quem é este num fato de Halloween? Está a fazer publicidade ao quê?’.”