A Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) quer criar uma campanha de sensibilização para ensinar às crianças e jovens que têm direito a sua privacidade e, assim, denunciem situações de abuso sexual.
"Há toda a necessidade de uma campanha para trazer à luz esta preocupação e para que as crianças e os jovens saibam que não é admissível este tipo de comportamentos e que têm o direito de denunciar", disse Rosário Farmhouse, presidente da associação, disse, em entrevista à Lusa.
O facto de a maior parte dos abusos sexuais serem praticados por pessoas que a criança conhece e com quem tem uma relação de aparente confiança é uma das razões que dificulta que os jovens denunciem a situação, acrescenta a responsável. "Têm receio que haja uma contrainformação, um desmentir e, por vezes, é preciso muita persistência e, tantas vezes, é preciso falar fora da família para se perceber o que se está a passar lá dentro”, explica.
Também na área do desporto a ideia “de serem fortes e não mostrar fraquezas” pode ser um fator que impede as crianças “de assumir algumas situações em que se sentiram desconfortáveis, seja de insinuações ou coisas mais profundas”, aponta Rosário Farmhouse. Por isso, para dia 22 de novembro está previsto um evento, em parceria com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, com o objetivo de alertar para o fenómeno.
A presidente acredita que ao explicar às crianças e jovens que têm direito à sua privacidade e ao seu espaço e ao respeito, possam ser uma mais-valia para que as crianças se sintam mais confortáveis para denunciar situações. A campanha ainda está em fase de candidatura.
Este domingo, dia 18, celebra-se o Dia Europeu contra o Abuso e Exploração Sexual das Crianças. A efeméride será assinalada com uma peça de teatro que tem objetivo de chamar a atenção para necessidade de denúncia de comportamentos.
Dados mais ressentem referentes a 2017 mostram que houve 661 situações de abuso sexual comunicadas, das quais se vieram a confirmar 135 casos. No entanto, ao todo há 15.317 novas situações de perigo diagnosticadas pelas comissões de proteção e que obrigara à aplicação d medidas de proteção. Houve também 19.758 crianças que foram acompanhadas pelas comissões por estarem em perigo com diagnóstico efetuado, somando, ao todo 35.075 situações encontradas durante 2017.