O governo português quer aprofundar a relação com Espanha e, para isso, irá apresentar, em conjunto com Madrid, uma estratégia comum e desenvolvimento transfronteiriço para o próximo quadro comunitário. A revelação foi hoje feita pelo secretário-geral do Partido Socialista e primeiro-ministro, António Costa, numa reunião de militantes em Coimbra.
"A relação com Espanha é central para o desenvolvimento do interior e para deixarmos de ter esta visão das regiões de fronteira como interior, mas para podermos vê-las como uma centralidade neste mercado ibérico", disse Costa aos militantes socialistas, citado pela agência Lusa.
Como primeiro passo, a próxima cimeira luso-espanhola, já na próxima semana, em Valladodid, servirá para os dois governos aprofundarem a "proposta da cimeira do ano passado".
"Se olharem para o mapa do conjunto da Europa verificam que as regiões de fronteira tendem a ser as regiões mais ricas de cada um dos países. Se olharem para Espanha verificam que as regiões mais ricas estão situadas na fronteira com França", afirmou. Um projeto que tem como base a existência de uma "anomalia relativamente ao padrão europeu", que, diz Costa, apenas pode ser explicado "pelo facto de ao longo de séculos termos estado de costas viradas para os outros para afirmarmos a nossa independência".
Uma anomalia, continuou, derivada de um quadro que já não existe. "Somos dois países democráticos, parceiros na União Europeia, aliados na NATO e, portanto, essa região que foi antes uma barricada de defesa da nossa fronteira nacional deve ser cada vez mais uma grande ponte e uma grande plataforma de desenvolvimento comum da Península Ibérica", argumentou.