O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou hoje que irá finalmente responder às perguntas do procurador especial Robert Mueller sobre o alegado conluio entre a sua campanha e as autoridades russas nas eleições presidenciais de 2016, bem como sobre a alegada interferência russa no ato eleitoral. "Iremos enviar na próxima semana. [As respostas] Já estão todas feitas", garantiu Trump.
Há meses que Mueller enviou as perguntas por escrito a Trump, mas só agora é que o chefe de Estado decidiu responder. Trump contestava alguma das perguntas feitas pelo procurador especial. O jornal norte-americano "Washington Post" avançou que o presidente esteve reunido por mais de cinco horas com os seus advogados para responder às 20 perguntas de Mueller.
O presidente também não tem estado imune a críticas sobre alegadas tentativas de obstrução à justiça. Antes das eleições intercalares de novembro, o "Washington Post" revelou que Trump poderia estar a preparar a demissão de vários membros da sua administração, nomeadamente do procurador-geral Jeff Sessions e do procurador-geral-adjunto Rob Rosenstein. No dia a seguir às intercalares, Trump afastou-os.
Os democratas acusaram-no de tentar bloquear a investigação de Mueller ao afastar os seus superiores hierárquicos diretos. Afastar o procurador-geral e o seu adjunto é um prerrogativa constitucional do chefe de Estado, mas por estes serem, em última instância, os responsáveis pelas investigações a sua decisão pode ser politicamente lida como tentativa de obstrução à justiça, à semelhança do que o ex-presidente Richard Nixon fez aquando do escândalo do Watergate, na década de 70.
Quando Sessions se recusou a conduzir a investigação à relação entre a campanha de Trump e os russos, o chefe de Estado afirmou que caso soubesse que o procurador-geral tomaria esa decisão nunca o teria nomeado para o cargo. Trump disparou uma série de ataques contra Sessions na rede social Twitter.
Trump revelou que iria responder às questões de Mueller antes de embarcar no Air Force One em direção à Califórnia, estado fortemente afetado por dois grandes incêndios na última semana, com dezenas de mortos e milhares de deslocados e casas ardidas.