A tensão entre os Estados Unidos e a China voltou novamente a subir. O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, afirmou que a administração de Donald Trump não inverterá a orientação que tem seguido até ao momento na política económica face a Pequim.
"Os Estados Unidos não mudarão de curso até que a China mude de rumo", disse Pence. Depois, acusou-a de roubar propriedade inteletual às empresas norte-americanas, de subsidiar massivamente empresas estatais e de impor "tremendas" barreiras à entrada de empresas estrangeiras no mercado chinês.
As declarações de Washington são contraditórias com a demonstração de Washington em se voltar a sentar à mesa com Pequim para evitar a escalada de uma guerra comercial que arrisca prejudicar a economia mundial.
A política proteccionista da China não foi o único alvo de Pence. O vice-presidente também criticou as crescentes iniciativas chinesas para investir e construir infraestruturas em países que considera serem fundamentais para a sua política externa, como os da Oceânia. Ao investir nesses países, diz Pence, ganham vantagens políticas e sobrecarregam esses países com empréstimos incomportáveis, ganhando alavancas políticas e económicas.
E se a China é uma opção, os Estados Unidos são outra muito melhor, argumenta Pence. "Saibam que os Estados Unidos oferecem uma opção melhor. Não afundamos os nossos parceiros num mar de dívidas, não coagimos, não comprometemos a sua independência", disse o número dois de Trump.
Para mostrar que a política faz-se sobretudo de ações e não apenas de palavras, Pence revelou que Washington se vai envolver no plano da Austrália de desenvolver uma base naval na Papua Nova Guiné. O momento do anúncio não foi fortuito: os líderes de 21 países, que perfazem 60% da economia mundial, estão reunidos nesse país para discutirem a cooperação económica na Ásia-Pacífico.
Discursando antes de Pence tecer as críticas, o presidente chinês, Xi Jinping, foi capaz de prever as críticas que aí vinham e, nas suas palavras, dividiu o mundo em dois campos opostos: oque quer cooperar e o que quer o confronto. A China, disse Xi, está no primeiro, enquanto os Estados Unidos estão no segundo.
"A humanidade chegou novamente a uma encruzilhada", disse Xi. "Que direção devemos escolher? Cooperação ou confronto? Abertura ou fechamento de portas? Progresso vantajoso para as duas partes ou um jogode soma zero?".
E, criticando a política proteccionista de Trump, Xi afirmou que "as regras feitas não devem ser seguidas ou distorcidas como se julgar conveniente e não devem ser aplicadas com padrões duplos para agendas egoístas". E, continuou, a cooperação chinesa com outros Estados, como os da Oceânia, "não é projetada para servir qualquer agenda geopolítica oculta, não é dirigida contra ninguém e não exclui ninguém".
E, pegando na História diplomática dos Estados Unidos, Xi proferiu uma última estocada: "Não é um clube exclusivo que é fechado para não-membros nem é uma armadilha [a coopeação] como algumas pessoas a rotularam".