Um investigador brasileiro da Universidade do Minho deixa o alerta de que há páginas em Portugal, seguidas por milhares de utilizadores, responsáveis pela divulgação de fake news, um fenómeno em crescimento que, na opinião de Sergio Denicoli, pode marcar o próximo ato eleitoral no país.
“Essas páginas já estão muito presentes em Portugal. Existem mesmo muitas páginas onde tentam relativizar temas como a escravidão, dizendo que Portugal não praticou escravidão (…) Tentam reconstruir uma imagem de grande nação. (…) Já se começa a ver uma movimentação nos bastidores das redes que procuram trazer essas ideias. Então, provavelmente, já é uma preparação para as próximas eleições, e é importante que se esteja alerta”, frisou Sergio Denicoli, citado pela Agência Lusa.
O investigador acredita que a difusão das fake news é um processo que acontece de forma gradual. “Inicialmente, criam-se grupos de apoio a ideias ultra-liberais, ultra-nacionalistas, e esses grupos vão captando, sobretudo, jovens. Não só no facebook, como também em canais de youtube, por exemplo. Veem-se jovens com uma opinião muito forte, sempre desconstruindo a realidade, como se eles tivessem o monopólio da verdade, como se houvesse uma grande conspiração mundial por parte da esquerda.
Em Portugal há, segundo Sergio Denicoli, grupos virtuais com cerca de 30 mil pessoas, nos quais a realidade de determinados factos é distorcida e por vezes informações falsas acabam por circular como sendo factos verídicos.
Para o brasileiro, os seguidores desses grupos agem como se estivessem “enganados durante o tempo todo e agora sim, a verdade vem à tona, através dessas páginas e desses grupos. Eles vão desconstruindo narrativas, e esse é o primeiro passo”. De seguida, continua o investigador, começam a ser partilhadas fake news que vão “dar sustentação a esse tipo de informação”.
Sergio Denicoli defendeu ainda que tem de haver um esforço concertado para travar este problema e evitar que atinja proporções capazes de atacar a democracia.
O Diário de Notícias fez um levantamento de situações em que vários agentes políticos tinham sido atacados pela partilha de informações falsas.
Exemplo disso é a informação publicada no site Gazeta Política – que não é reconhecido como um órgão de informação – sobre o primeiro-ministro António Costa iria processar o fotógrafo que captou a imagem da deputada do PS Isabel Moreira a pintar as unhas, em plena discussão do Orçamento do estado no Parlamento.