José Eduardo dos Santos diz que quando deixou a Presidência de Angola, em setembro do ano passado, as reservas internacionais líquidas do país eram de 15 mil milhões de dólares, contrariando a afirmação do seu sucessor, João Lourenço, de que teria deixado os cofres do país vazios.
"Vou começar por dizer que não deixei os cofres do Estado vazios, quando na segunda quinzena do mês de setembro de 2017 fiz a entrega das minhas funções ao novo Presidente da República. Ness altura, nas contas do Banco Nacional de Angola, estavam mais de 15 mil milhões de dólares como reservas internacionais líquidas. O gestor dessas contas era o senhor governador do BNA, sob orientação do governo", explicou o ex-presidente angolano aos jornalistas, convocados para a sua fundação, em Luanda.
Numa declaração sem direito a perguntas "para prestar alguns esclarecimentos", Eduardo dos Santos explicou que a economia angolana estava "sob controlo", contrariando a ideia deixada por João Lourenço na sua entrevista ao "Expresso" do passado sábado.
"Apesar da crise provocada com a descida do preço do petróleo, que chegou a atingir os 38 dólares o barril, tínhamos a economia sob controlo. Não desvalorizamos a moeda, não houve atrasos no pagamento de salários no Estado e garantimos, com algumas importações, a cesta básica e materiais de construção", sublinhouo ex-presidente.
O ex-chefe de Estado angolano, que esteve no poder 38 anos, convocou os jornalistas para responder a João Lourenço que, em entrevista ao "Expresso", afirmou que ao assumir o poder encontrara os cofres do Estado vazios e que não tinha realmente havido uma transição, porque os anterior governo não passou os dossiês ao atual.
"Esperava uma verdadeira passagem de pasta em que me fosse dado a conhecer os grandes dossiês do país e isso, de facto, não aconteceu", referiu João Lourenço ao "Expresso".
José Eduardo dos Santos contraria essa posição, dizendo que foi João Lourenço quem não quis a proposta de Orçamento do Estado que estava delineada e preferiu fazer outro orçamento, que acabou por atrasar e só ser aprovado em março deste ano.