São muito boas, mas ainda não são excelentes. João Lourenço deixou Portugal no último sábado com elogios às relações entre os dois países, mas deixando claro que nem tudo está resolvido.
“Vamos olhar para o presente e para o futuro. Numa contagem de zero a 10 não posso dar nota 10 porque o objetivo é chegarmos ao 10, atingirmos a excelência nas nossas relações”, disse o presidente angolano no final de uma visita de estado de três dias que permitiu que os dois países assinassem treze protocolos de cooperação em áreas como ciência, justiça, turismo, cultura, saúde, educação e ambiente.
Com uma visita de estado de Marcelo Rebelo de Sousa já marcada para o início do próximo ano, João Lourenço reforçou no último dia de visita a Portugal que não há neste momento obstáculo às relações entre Lisboa e Luanda, incentivando mesmo os investidores portugueses a irem para Angola.
Desta viagem ficou a garantia, dada pelo governo português, de identificação e repatriamento de capitais angolanos que tenham dado entrada em Portugal de forma ilícita, bem como do lado angolano ficou a promessa de que a Sonangol não sairá do Millenium BCP. “Nós sossegámos essa empresa, para dormir descansada”, brincou o chefe de estado angolano.
Apesar da forma como decorreu a visita, o presidente vincou que ainda há muito caminho pela frente até se atingir a excelência, lembrando que isso é algo que cabe sobretudo aos políticos. “Daí termos a obrigação, sobretudo enquanto políticos, de continuar a trabalhar no sentido de atingirmos a tal nota 10”, disse no último sábado aos jornalistas.
Um dos temas que nos últimos tempos mais abalou a relação entre os dois países foi resistência das autoridades portuguesas em enviar para Luanda o processo em que Manuel Vicente é acusado de ter subornado um procurador português. Na próxima sexta feira haverá alegações finais do processo Fizz, que corre em Portugal sem a parte do ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente, que acabou por ser enviada para a justiça de Luanda.