António Anselmo, o presidente da Câmara Municipal de Borba, disse ontem que demitir-se seria “uma falta de vergonha”. “Enquanto estiver aqui, assumo claramente aquilo que estou a fazer e, portanto, a demissão é próprio dos fracos e estou cá para lutar, sempre, pela minha terra”, afirmou aos jornalistas, em Borba, falando sobre o abatimento da EN 255, na semana passada.
António Anselmo garantiu que nunca teve nenhum documento que “claramente” lhe mostrasse que a estrada estava em risco de ruir, afirmando que vai aguardar pelas conclusões da investigação. “Acredito que a justiça está a investigar como deve investigar. E depois cá estaremos se tivermos de assumir a responsabilidade”, afirmou ainda.
À “Lusa”, ontem, António Chambel, presidente da Associação Internacional de Hidrogeólogos, assinalou que a parede da pedreira de Borba tinha uma fratura identificada desde de 2008 pela equipa da Universidade de Évora. “Estava perfeitamente identificada”, defendeu o especialista, que alertou também para o facto de haver mais paredes de pedreiras “em risco” no concelho de Borba, em Évora. Mas não só: “Há outras estradas que também estão sobrepostas em zonas muito perigosas no meio das pedreiras”, declarou ainda.
Entretanto, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, garantiu que o governo vai identificar todas as pedreiras em risco até ao final do ano. “Hoje posso garantir que, até ao final do ano, vamos conseguir ter identificadas todas as pedreiras […] que podem constituir um risco para infraestruturas que estejam na envolvente ou até para os terrenos confinados”, assegurou.