Viveu num limbo legal por mais de sete meses num aeroporto da Malásia, mas recebeu finalmente um visto de residência do Canadá. Hassan al-Kontar, de nacionalidade síria, tornou-se conhecido por o seu caso ser muito similar ao da personagem que o ator Tom Hanks desempenhou no filme "O Terminal": o de estar num limbo jurídico por não poder regressar ao seu país nem poder entrar noutro.
"Sei que pareço alguém que saiu da Idade das Pedras ou da Idade Média. Peço desculpa por isso", disse Al-Kontar num vídeo publicado no Twitter, referindo-se ao seu aspeto. "Os últimos oito anos foram muito difíceis, foi uma longa viagem. Os últimos dez meses foram muito duros e frios".
"Ficámos muito agradecidos quando a Malásia concordou e se regeu pela lei internacional", disse o advogado de Al-Kontar, Andrew Brouwer. Por seu lado, as autoridades malaias afirmaram, em comunicado, que o acordo com o Canadá foi alcançado "por causa da preocupação e da humanidade".
Em 2006, Al-Kontar recebeu uma carta para se alistar no exército sírio e cumprir o serviço militar obrigatório. Recusou-se e emigrou para os Emiradores Árabes Unidos, onde trabalhou na companhia aérea United Arab Emirates. Com a guerra civil no seu país a ganhar fôlego, recusou-se a regressar e a alistar-se nas forças de Bashar Al-Assad, mas o seu passaporte expirou, vendo-se impedido de o renovar. Continuou a viver nos EAU, mas agora ilegalmente até ser finalmente detido pelas autoridades, em 2016.
Detido, Damascto tentou que os EAU o deportassem para a Síria, mas acabou por o serem para a Malásia, único país que permitem a entrada livre de sírios. Aí permaneceu por três meses com um visto turístico, mas acabou por ser novamente expulso. Tentou entrar na Turquia, mas não conseguiu; tentou o Camboja, mas foi-lhe recusada a entrada; pediu asilo no Equador, mas sem sucesso. Sem alternativas, voltou para o aeroporto na Malásia e por aí ficou vários meses. Al-Kontar passou a viver num pequeno espaço das chegadas do aeroporto e recebia comida pré-feita dos trabalhadores malaios.
"Existem muitos países que não me querem, mas vou fazer o que puder", disse Al-Kontar à BBC em 2016. Mas tudo mudou quando o Canadá aceitou recebê-lo.