Uma investigação do instituto alemão Alfred Wegener concluiu que as alterações climáticas estão a afetar a população de bacalhaus que vive nas águas da Noruega. Caso a temperatura aumente mais do que 1,5 graus célsius, os atuais locais de criação de bacalhau poderão perder-se.
A meta prevista do Acordo de Paris sobre a redução de emissões de gases com efeito de estufa coloca o limite do aquecimento global em 1,5 graus acima dos valores da era pré-industrial. Caso essa meta não seja conseguida e a temperatura e os níveis de acidificação do oceano aumentem, o bacalhau do Atlântico e o bacalhau polar vão ter de procurar novos locais para habitar, conclui a investigação.
O bacalhau polar não é só um dos principais alimentos da população – com a mudança do habitat dos bacalhaus os pescadores perdem a região mais produtiva do mundo –, é também uma importante fonte alimentar para as focas e aves marinhas do Ártico.
Esta espécie de peixe apenas desova e água fria. No caso do bacalhau do Atlântico, a desova é feita em zonas onde a temperatura da água ronda os três e os sete graus célsius, enquanto o bacalhau polar procura zonas onda a temperatura da água não ultrapassa os 1,5 graus célsius.
"Isso significa que o bacalhau do Atlântico e o bacalhau polar serão duplamente stressados no futuro, o seu habitat irá aquecer e ao mesmo tempo acidificar", diz Flemming Dahlke, ecologista marinho e um dos investigadores.
O Centro Helmholtz de Pesquisa Polar e Marinha realizou várias pesquisas nos oceanos Ártico e Antártico para identificar o impacto das alterações climáticas e consequente subida das temperaturas. Segundo a investigação que se focou no momento de eclosão dos ovos de bacalhau, o aumento das temperaturas pode causar a morte dos animais ou produzir deformação nas larvas. Já no caso a acidificação, o número de embriões que não sobrevive sobe para entre 20 e 30%.