O jogo grande da ronda 14 na Premier League confirmou esse estatuto na perfeição. O dérbi de Londres teve dois penáltis, duas reviravoltas, momentos de grande futebol e até uma expulsão já nos últimos minutos. O 4-2 final permitiu ao Arsenal ultrapassar o Tottenham, subindo ao quarto lugar (o último a dar acesso à Liga dos Campeões), e dando uma demonstração de força, a quatro dias da visita a Old Trafford, para defrontar um Manchester United que continua a desiludir – nesta jornada, os red devils de José Mourinho empataram 2-2 em Southampton, depois de terem estado com dois golos de desvantagem (um deles um golaço de Cédric, de livre direto), sendo já 16 os pontos que os separam do líder e rival City, de Pep Guardiola (3-1 ao Bournemouth, com golo de Bernardo Silva).
No Emirates, entrou melhor o Arsenal, com Aubameyang a marcar de penálti logo aos dez minutos, após mão na bola de Vertonghen. Aos 30’, o empate para o Tottenham, através da cabeça do ex-sportinguista Dier. Quatro minutos depois, a primeira reviravolta do encontro, com Son a ser derrubado na área dos gunners; na conversão, o inevitável Harry Kane não falhou. Ao intervalo, Unai Emery promoveu duas substituições, colocando Lacazette e Ramsey, e também passaria por aí a fulminante resposta do Arsenal no segundo tempo.
Aubameyang bisou aos 56’, com um tiro de fora da área – a passe de Ramsey -, e Lacazette fez o 3-2 aos 74’, também de fora da área… e também a passe de Ramsey. Três minutos depois, Aubameyang assistiu Torreira e o internacional uruguaio bateu Lloris. A cinco minutos dos 90, Vertonghen ainda viu o segundo amarelo, justificado pela entrada perigosa sobre Lacazette. Pelo meio de tudo, uma atitude daquelas lamentáveis: um adepto do Tottenham atirou uma casca de banana para o relvado após um dos golos de Aubameyang. Após o encontro, a Polícia Metropolitana de Londres revelou ter detido o indivíduo em causa.
Este foi, na verdade, o segundo dérbi de Londres deste domingo. Antes, já o Chelsea se havia superiorizado ao Fulham: 2-0, com golos de Pedro Rodríguez (4’) e Loftus-Cheek (82’), no regresso às vitórias e ao terceiro lugar. Faltava o dérbi de Liverpool, também ele muito disputado e resolvido apenas… aos 90’+6’. André Gomes desperdiçou, na mesma jogada, as duas melhores ocasiões para o Everton, com Alisson e Joe Gomez a negarem-lhe o golo (21’), e seria no último suspiro que viria a surgir o momento decisivo: Pickford confiou no golpe de vista após balão de Van Dijk, deu um toque na bola e esta bateu na trave… e voltou para o relvado. Origi, em cima da linha, deu o toque que faltava e confirmou o suado triunfo para o Liverpool, com Jurgen Klopp louco a invadir o campo para festejar – ao contrário de Marco Silva, desolado.
No fim da partida, Klopp revelou ter pedido desculpa ao treinador português. "Tenho de pedir desculpa, porque não queria faltar ao respeito a ninguém, mas não me consegui controlar. Simplesmente aconteceu! O plano não era correr. Quando parei estava próximo do Alisson. Ele ficou surpreendido! Foi a última jogada do encontro. As duas equipas lutaram de forma incrível. O jogo foi disputado a um ritmo incrível. As duas equipas tiveram ocasiões para marcar, mas ambos os guarda-redes fizeram exibições muito boas. Os jogadores das duas equipas tentaram realmente jogar futebol. Foi um jogo muito bom. No final houve um golo esquisito. Nem consigo imaginar o desapontamento da equipa do Everton. No final do jogo pedi desculpa ao Marco Silva. Falámos e disse-lhe que respeito muito o trabalho dele. Tem feito um trabalho incrível", realçou. O português, por seu lado, garantiu "todo o apoio" a Pickford, depois do erro fatal do guardião: "Foi um jogo difícil que terminou de forma difícil. Não merecíamos perder. Tivemos as melhores oportunidades para marcar, mas o futebol é mesmo assim. Não esperávamos sofrer no final. Os jogadores têm consciência de que mereciam algo mais. Começámos e acabámos o jogo juntos. Vamos fazer de tudo para vencer o próximo jogo. Darei todo o meu apoio ao Jordan [Pickford]. É um guarda-redes muito bom e não esperava aquela situação. Estamos a melhorar e mostrámos isso mesmo hoje, apesar da derrota. Estou orgulhoso dos meus jogadores e do que eles têm feito. Ninguém esperava o golo no final. A forma como o Liverpool festejou mostrou-me o quão difícil foi para eles."
Em Espanha, mudanças na frente. O Sevilha, líder à entrada da jornada, não foi além de um empate na visita ao terreno do Alavés (1-1) e deixou-se ultrapassar pelo Barcelona, que venceu o Villarreal (2-0). Também para trás ficou o Atlético de Madrid, após o deslize frente ao Girona (1-1), que é agora sexto, a sete pontos do Barça. Logo acima está o Real Madrid, que regressou aos triunfos na receção ao Valência (2-0) e subiu para o quinto lugar, agora a cinco pontos do topo.