Dez guardas provisórios do curso da GNR, em Portalegre, terão sido espancados durante um treino de formação, o que resultou em vários ferimentos graves, como fraturas ou lesões oculares. Nalguns casos os formandos tiveram de ser sujeitos a intervenções cirúrgicas.
A notícia foi avançada pelo Jornal de Notícias que confrontou a GNR, cujo comando geral garantiu estar já em curso um processo de averiguações para se apurar as circunstâncias do sucedido. Entretanto o Ministério da Administração Interna fez saber que já ordenou à Inspeção Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito sobre o caso.
As alegadas agressões durante a formação remontam ao período entre 1 de outubro e 9 de novembro, durante o módulo ‘curso de bastão extensível’, do 40.º curso de formação do Centro de Formação da GNR, em Portalegre.
Os formandos terão sido violentamente espancados e humilhados por um formador denominado ‘Red Man’ com luvas de boxe calçadas, chumaços, caneleiras e capacete protetor, sendo que os recrutas vestiam apenas calças e t-shirt, não tendo qualquer material protetor, estavam munidos apenas de um bastão de plástico
De acordo com o Jornal de Notícias, que cita uma fonte que pede anonimato por medo de retaliações, "oito ou nove alistados foram internados no Hospital de São José, de urgência, com narizes partidos, fraturas nos dedos das mãos e, no caso de um deles, lesões oculares". Antes, tinham estado no Hospital de Portalegre, mas tiveram de ser transferidos devido à gravidade das lesões.
"Todos tiveram hematomas como olhos negros, nariz partido, a boca a sangrar ou ferimentos nas orelhas, mas não foram à enfermaria com medo de represálias. No caso dos guardas provisórios do sexo feminino, houve casos de socos na cabeça, mulheres empurradas e com os peitos pisados. Muitas delas tinham medo de ir à enfermaria com receio de chumbar o curso. É a primeira vez que situações desta natureza estão a ocorrer", acrescentou a mesma fonte.
Numa nota enviada às redações, o Ministério da Administração Interna adiantou que a abertura do inquérito, que já ordenou, pretende o “apuramento dos factos e determinação de responsabilidade”.
A confirmarem-se, lê-se ainda no comunicado do MAI estes factos 2não são toleráveis numa força de segurança num Estado de Direito democrático”.