Pelo menos 11 enfermeiros do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, foram obrigados a trabalhar com sarna. A denúncia é da Ordem dos Enfermeiros.
"A informação que temos da parte dos enfermeiros e que nos preocupa muito é que receberam indicação da saúde ocupacional [do hospital] e da dermatologista para continuarem a trabalhar, protegidos com medidas de barreira, como batas e luvas, para não contaminarem os doentes e com indicação para trocar o material de um doente para o outro", disse a bastonária Ana Rita Cavaco à Lusa. Note-se que o surto em questão foi confirmado há mais de uma semana pela Direção-Geral de Saúde, que confirmou que o surto já estava tratado.
Para a responsável, a situação "não é admissível", não só pelo elevado grau de contágio associado à doença, mas também pelo mau estar que a doença provoca, que se traduz em comichão intensa".
À Lusa, o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, que integra o S. Francisco Xavier, garantiu que "tem atuado em conformidade com as normas e orientações do serviço de saúde ocupacional e do serviço de dermatologia" e que a situação está "adequadamente controlada".
Ana Rita Cavaco recorda que os doentes com sarna constumam ficar isolados com o objetivo de evitar que outras pessoas sejam contagiadas. Por isso, questiona: "Se isolamos os doentes com escabiose [sarna], por que razão se está a dizer aos enfermeiros para continuarem a trabalhar infetados com escabiose. É uma falta de respeito e dignidade dentro dos hospitais do SNS. Depois admiram-se que os enfermeiros estejam revoltados", defende, acrescentando que o caso "não oferece segurança nem para os enfermeiros nem para os doentes".
Além de comichão intensa, a doença manifesta-se através de erupões na pele e descamação. O contágio dá-se por contacto direto com a pele infetada e os sintomas surgem três ou quatro dias depois.