O governo anunciou a mobilização de 89 mil homens, oito mil só em Paris, e de “meios excecionais” para lidar com as manifestações de sábado convocadas pelos vários coletivos dos coletes amarelos em todo o país. A maioria dos agentes das Companhias Republicanas de Segurança, reserva da polícia nacional, e todas as forças de gendarmaria móvel foram mobilizados para sábado.
O Ministério do Interior parece ter adotado uma nova estratégia para manter a ordem em Paris e nas regiões, mas ontem, segundo a agência de notícias francesa, o plano estava ainda a ser ultimado. Segundo a revista profissional dos gendarmes, “L’Essor”, citada pelo “Le Monde”, vários blindados da gendarmaria serão colocados em sítios estratégicos de Paris e da região parisiense. “Este destacamento, reservado às situações mais degradadas, é muito simbólico”, escreve a revista.
“Até agora, as forças móveis (CRS e gendarmaria móvel), com o seu equipamento pesado, tinham ordens para não entrar em contacto” com os manifestantes, afirmou Patrice Ribeiro, do sindicato da polícia Synergie.
A polícia de Paris, entretanto, pediu aos comerciantes da zona dos Campos Elísios para “fecharem as suas portas de acesso” no sábado e “sensibilizarem os seus empregados para os riscos envolvidos”. Uma dezena de museus já decidiu que irá encerrar este sábado, entre eles o Grand Palais, o Petit Palais e as Catacumbas. A Torre Eiffel também vai estar encerrada ao público. Os espetáculos na Ópera de Paris foram cancelados, bem como a maioria dos jogos da Liga francesa de futebol (ver pág. 44).
Seja qual for o resultado das medidas excecionais de segurança implementadas para controlar a violência em mais um sábado de protestos, deputados socialistas, comunistas e da França Insubmissa anunciaram que irão apresentar uma moção de censura na Assembleia Nacional. A notícia foi avançada esta quinta-feira pelo líder parlamentar dos socialistas, Olivier Faure. “Vamos procurar nos próximos dias alargar o âmbito dos que poderão apresentá-la connosco”, explicou, mesmo entre os parlamentares do partido do presidente Emmanuel Macron, A República em Marcha.
“Temos um governo que vai direito à parede, é nossa responsabilidade colocar um ponto final nisso e fazer de maneira que haja uma mudança de governo e também de política”, referiu, por seu lado, Ugo Bernalicis, d’A França Insubmissa.
Por seu lado, o deputado comunista Pierre Dharréville considera que nenhuma das medidas apresentadas pelo primeiro- -ministro, Édouard Philippe, “permitem sair da crise”. “Nós queremos uma solução democrática. É preciso uma resposta para a cólera social, à reivindicação pelo poder de compra”, acrescentou.
As medidas do governo, apresentadas quarta-feira na Assembleia Nacional, nomeadamente a moratória que suspende por seis meses a aplicação da nova taxa sobre o combustível – razão primeira para os protestos dos coletes amarelos -, foram aprovadas por 358 votos a favor e 194 contra, depois de um debate de quase cinco horas.
Protestos em cerca de 200 liceus Pelo menos 200 liceus franceses foram hoje bloqueados ou o seu funcionamento foi perturbado por protestos de estudantes. Milhares de estudantes manifestaram-se nas ruas em protesto contra a reforma do bac, o exame geral do final da escola secundária, principalmente em Marselha e Nice.