“Eles estão ali para aprender a levar porrada”, diz mãe de formando da GNR de Portalegre

A mulher conta que, após as alegadas agressões, o filho ficou com o nariz partido e teve de ser operado

A mãe de um dos guardas provisórios agredidos durante o módulo de ‘bastão extensível’ no centro de Formação da GNR de Portalegre defende que vê as agressões como “violência pura” e pede que os culpados sejam responsabilizados.

Em entrevista ao Jornal de Notícias, a mulher, cuja identidade não é revelada, garante que não “vê nada de produtivo” e de “positivo” na formação em causa.

“Não acredito que seja assim que se formam bons militares, boas pessoas, protetores da nossa segurança. Para mim aquilo foi violência pura. Eles estão ali para aprender a levar porrada, quando deviam aprender a defender-se”, afirma, acrescentando ainda que os formandos deveriam utilizar proteção durante os exercícios.

A mulher conta que, após as alegadas agressões, o filho ficou com o nariz partido e teve de ser operado. O marido registou uma queixa sobre as agressões ao oficial de dia, que passou o caso para os superiores.

“Senti uma revolta muito grande porque não estava a espera que eles ficassem naquele estado de abandono completo por aquela instituição (… ) Durante os cinco dias que estiveram internados [formandos] não houve um único militar que os fosse visitar, ver como estavam, se precisavam de ajuda”, disse.

“Eu acho que a pessoa que o agrediu tem que ser responsabilizada pelas consequências das atitudes que teve”, defendeu.

Recorde-se que cerca de dez formandos do 40.º curso do Centro de Formação da GNR, em Portalegre, terão sido agredidos durante uma formação, tendo sofrido lesões graves, que nalguns casos obrigaram a internamento e noutros ainda a cirurgias.

O caso, avançado pelo Jornal de Notícias no último domingo, deu origem à abertura de um inquérito pelo Ministério Público.

As denúncias motivaram ainda a demissão do responsável pela formação.

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