Desde os anos 80 que Peng Liyuan está habituada a banhos de multidões, sorrisos e aplausos: foi nessa década que a atual primeira-dama chinesa se tornou conhecida pelos seus dotes de soprano.
Nascida em 1962 na província de Shandong, formou-se em Música dentro do Exército Popular chinês, para o qual entrou aos 18 anos como soldado raso. Tornou-se cantora lírica e ainda hoje possui a patente de general. Atuou dentro e fora de portas, mas foi efetivamente na década de 90 que se tornou uma cara conhecida da vastíssima população chinesa: foi escolhida para ser uma das ‘cantoras residentes’ da cerimónia do Ano Novo chinês, um dos mais importantes eventos do calendário e cuja gala, transmitida na televisão estatal, tem audiências de centenas de milhares de pessoas. Por isso, e quando era o número 2 do partido – e embora seja filho de um dos fundadores do partido comunista, que chegou a ser vice-primeiro-ministro –, Xi Jinping continuava a ser vulgarmente conhecido pela população como ‘o marido de Peng Liyuan’.
O peso do protagonismo no casal haveria de mudar de lado quando, em 2013, Xi Jinping se tornou Presidente da China. Peng trocou os palcos da ópera pelos palcos do poder do mundo no papel de primeira-dama que, aparentemente, desempenha com gosto, mostrando uma postura diferente das mulheres que a antecederam. Se as anteriores primeiras-damas tinham uma postura recatada e raras vezes acompanhavam os maridos, Peng não descarta nenhuma visita oficial. E nesses momentos, por onde tem passado, as revistas da especialidade apontam-lhe o requintado gosto na roupa que já a transformou num ícone de estilo, sendo frequente aparecer na lista das mais bem vestidas – na China, comparam-na inclusivamente a Carla Bruni ou a Michelle Obama. Foi assim na visita oficial ao Reino Unido, em 2015 – onde o casal foi até alojado no palácio real –, ou na passagem por Espanha na semana passada, com o El País a dedicar-lhe um artigo em que notava que, em termos de fama, Peng continua a superar o marido, um dos líderes políticos mais influentes do mundo.
Peng, que hoje tem 56 anos, começou a preparar-se para este papel – que deverá desempenhar até ao final da vida, já que o cargo de presidente na China é vitalício – à medida que Xi Jinping foi subindo dentro do partido. Em 2011, por exemplo, tornou-se embaixadora da boa vontade da Organização Mundial da Saúde.
Discreta, elegante e graciosa são os adjetivos mais vulgarmente utilizados para descrever o seu estilo. Aparece quase sempre de vestidos e saias completados com casacos, escolhendo frequentemente designers chineses. Prefere uma paleta discreta e não dispensa o cabelo apanhado – embora não viaje com cabeleireiro, fazendo-se antes acompanhar de uma secretária, como aconteceu na visita a Portugal.