A raiva dos coletes amarelos não diminuiu apesar das medidas anunciadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na segunda-feira à noite. Esta terça-feira, os manifestantes continuaram a bloquear estradas, portagens, sinal de que as palavras do chefe de Estado não foram suficientes para acalmar a situação.
Novas manifestações foram convocadas para sábado, nomeadamente em Paris, numa clara demonstração de que a situação se deteriorou ao ponto de ser difícil conseguir convencer os manifestantes a voltar para casa. Como dizia uma das porta-vozes dos coletes amarelos, Jacline Mouraud, dos Gilest Jaunes Libres, "a raiva das pessoas é tanta que não as conseguimos parar.
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A mensagem de 13 minutos do presidente, transmitida na segunda-feira no horário nobre das 20h (menos uma hora em Lisboa) e vista por 23 milhões de pessoas, incluía medidas concretas destinadas a responder às exigências de grande parte dos manifestantes, nomeadamente o aumento de 100 euros no salário mínimo (inteiramente suportado pelo Estado) e o não aumento da contribuição para a segurança social dos pensionistas com reformas abaixo dos 2000 euros.
"As medidas visam assegurar que o trabalho recompense", disse o primeiro-ministro, Édouard Philippe, esta terça-feira, na apresentação aos deputados do pacote de medidas anunciado pelo presidente. São medidas "fundamentais, massivas, assentes na ideia que todos partilhamos de que é preciso que o trabalho recompense", afirmou aos deputados.
"Queremos avançar depressa, queremos avançar com força, é esse o sentido das medidas anunciadas pelo presidente da República", explicou o primeiro-ministro francês. "Elas visam promover o trabalho, assegurar que o trabalho recompensa, acelerando medidas, algumas das quais incluídas no programa presidencial", acrescentou.
Na rua, enquanto Philippe falava no parlamento, os protestos continuavam, com uma nova jornada de mobilização nas escolas secundárias. Cerca de 450 escolas foram perturbadas por protestos e umas 60 foram bloqueadas pelos estudantes. A União Nacional Liceal apelou a uma "terça-feira negra" nos liceus franceses. O sindicato lamenta que Macron "não tenha anunciado nada sobre a educação, quando já são duas semanas que as raiva dos estudantes do secundários se exprime".