Apesar de reconhecer a necessidade de reivindicar melhores condições, o bispo do Porto admitiu que os enfermeiros "estão a ir longe demais" na greve.
Numa entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, D. Manuel Linda afirmou que os enfermeiros "estão a ser vítimas de alguma injustiça", mas que isso não pode colocar em causa a saúde da população: "Que se chegue a adiar cirurgias urgentíssimas em função do bem individual de cada um, aí já não concordo. Estou do lado dos enfermeiros no sentido de reconhecer que é preciso pôr cobro a algumas injustiças, mas há formas de greve que vão longe de mais. E aqui, num caso ou noutro, não sei se [se] está a ir longe de mais”.
O bispo do Porto deixa ainda um alerta ao Governo para que não deixe de garantir o bom funcionamento dos pilares da sociedade, falando, por exemplo, da questão dos guardas prisionais: “Há setores que, de facto, não podem ser mais prejudicados. E, por exemplo, esse setor prisional só pode funcionar com guardas prisionais, não vamos agora reduzir abaixo dos mínimos. Não pode ser. É um custo que a sociedade tem de suportar”, afirmou D. Manuel Linda, explicando que devido à greve, não irá visitar qualquer estabelecimento prisional este Natal.
“Queria passar o Natal em alguma prisão e a direcção-geral mandou dizer-me: "Senhor Bispo, pedimos-lhe encarecidamente que não venha agora, venha quando houver mais capacidade de segurança, isto é, quando terminar a greve dos guardas prisionais." E eu neste Natal não vou visitar nenhuma prisão”, explicou durante a entrevista.
Quanto à manifestação dos coletes amarelos, agendada para dia 21, o bispo do Porto considera que não existe um “risco volumoso”: “É apenas um sintoma, uma pequena peça de todo um ladrilho”.