A reunião do Conselho de Ministros espanhol em Barcelona, na Catalunha, levou hoje logo pela manhã milhares de catalães às ruas da capital autonómica em protesto pela sua realização numa cidade que não o quer. Dezenas de manifestantes tentaram furar o cordão policial em Llotja de Mar, local onde o órgão executivo se está a reunir.
Os Mossos d'Esquadra avançaram contra os manifestantes nas zonas onde os protestos eram mais fortes, nomeadamente em Drassanes e nas Ramblas. Ao mesmo tempo, manifestantes dos Comités de Defesa da República (CDR) bloqueavam cerca de 40 estradas, incluindo a auto-estrada AP-7. A polícia também avançou para os retirar do local.
A realização do Conselho de Ministros está a ser encarada pelos manifestantes como uma ofensa e uma provocação por parte do governo socialista de Pedro Sánchez, que no passado alinhou com o antigo-primeiro-ministro Mariano Rajoy na imposição do artigo 155.º da Constituição, retirando à Catalunha a sua autonomia por algum tempo em resposta ao referendo de 1 de outubro de 2017.
Da parte de Sánchez, que defende a reunião do órgão governativo na capital autonómica, a decisão de acontecer em Barcelona é também uma prova de força na permanência da Catalunha na Espanha, visto a posição anti-independentismo estar a ganhar força no eleitorado espanhol, fortalecendo a direita espanhola. Sánchez é acusado pela direita de não assumir uma posição de força contra o independentismo.
Na quinta-feira à noite, Sánchez e o presidente do governo autonómico catalão, Quim Torra, encontraram-se e reafirmaram em comunicado conjunto a vontade de "potenciar os espaços de diálogo" entre os dois governos para se "atender às necessidades da sociedade" e se ultrapassar o impasse entre Madrid e Barcelona com uma "resposta democrática às exigências da cidadania da Catalunha".