Israel irá a eleições legislativas antecipadas em abril, anunciou hoje o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. O líder do governo concluiu que a coligação governamental que lidera não seria capaz de fazer aprovar no parlamento uma lei que prevê a extensão do recrutamente obrigatório à minoria hebraica ultra-ortodoxa.
"Os líderes dos partidos da coligação decidiram, por unanimidade dissolver o Knesset [o parlamento israelita] e realizar novas eleições no início de abril", explicaram os líderes dos partidos que participam no executivo, citado pelo "Times of Israel". No entanto, nenhum dos partidos abandonará o governo, mantendo-se até à realização das eleições.
Há meses que a coligação de Netanyahu não tem tido vida fácil, com as divisões a amontoarem-se no seio do seu governo. A última grande divisão foi a de ter acordado um cessar-fogo com o Hamas, depois de a tensão ter escalado na sequência de uma operação de forças especial mal sucedida. O ministro da Defesa, Avigdor Liberman, demitiu-se em protesto contra o acordo.
Todavia, a convocação de eleições antecipadas foi acordada por "unanimidade" entre os dois partidos que compõem o governo de Netanyahu, o Likud e o Yisrael Beitenu, um partido caraterizado como sendo de extrema-direita. O Yisrael Beitenu, fundado por Liberman depois de ter abandonado o Likud, e os restantes partidos nacionalistas defendem que o serviço militar obrigatório não se deve estender a essa minoria sob o risco de a imergir no secularismo.
A isenção do serviço militar obrigatório aos ultra-ortodoxos é uma das questões que mais divisões causa na sociedade israelita, com muitas a acharem essa isenção injusta. Recorde-se que grande parte do serviço militar obrigatório é passado nos territórios ocupados na Palestina, cuja maioria dessa minoria defende pertencer aos israelitas e não aos palestinianos.
As suspeitas de que eleições antecipadas pudessem ser convocadas têm marcado a política israelita, ao ponto de Netanyahu ter-se visto obrigado a afirmar que antecipar as eleições, marcadas para novembro de 2019, seria um "erro". As crescentes divisões e saída de Liberman não lhe deram outra alternativa, com o governo a ter de depender de uma ténue maioria absoluta no parlamento – 61 em 120 deputados.
Desde 1988 que um governo israelita não cumpre com o mandato na totalidade, com as crises políticas a imergirem na sequência de desavenças nas coligações governativas. Por vezes, as crises políticas são despoletadas por os líderes dos governos quererem aproveitar um momento político favorável ao convocar eleições antecipadas, dissolvendo o parlamento.
Espera-se que o líder do Likud venha a conquistar uma sólida vitória nas próximas eleições, ainda que esteja imerso em escândalos e investigações judiciais a alegadas práticas de corrupção.